ATA DA SESSÃO DE INSTALAÇÃO DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 16.02.1998.

 


Aos dezesseis dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi feita a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos  Garcia, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e instalada a Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Segunda Legislatura. À MESA foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Resolução nº 03/98 (Processo nº  482/98); pelo Vereador Carlos Garcia, 05 Pedidos de Providências e a Indicação nº 05/98 (Processo nº 381/98); pelo Vereador Fernando Záchia, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/98 (Processo nº 362/98); pelo Vereador João Carlos Maciel, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 05/98 (Processo nº 492/98); pelo Vereador Nereu D'Ávila, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 29/97 (Processo nº 3814/97); pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências. Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamentos: da Vereadora Clênia Maranhão, dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 101 e 147/97 (Processos nºs 1621 e 2454/97, respectivamente); do Vereador João Carlos Nedel, dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 30 e 165/97 (Processos nºs 847 e 2739/97, respectivamente); do Vereador João Dib, do Projeto de Resolução nº 29/97 (Processo nº 2942/97) e do Projeto de Lei do Legislativo nºs 177/97 (Processo nº 3066/97); do Vereador José Valdir dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 05, 06, 07, 29, 79 e 191/97 (Processos nºs 481, 482, 483, 812, 1374 e 3266/97, respectivamente); do Vereador Luiz Braz, do Projeto de Lei do Legislativo nº 125/97 (Processo nº 2055/97); do Vereador Reginaldo Pujol, dos Projetos de Lei do Legislativo nºs 58, 59, 60, 61, 66, 67, 68, 75, 81, 179, 180 e 211/97 (Processos nºs 1223, 1224, 1230, 1231, 1268, 1270, 1271, 1324, 1396, 3094, 3095 e 3619/97, respectivamente). Na ocasião, foi apregoado o Ofício nº 71/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Edital nº 01 da Comissão Eleitoral dos Conselhos Tutelares, acompanhado da Relação dos Candidatos deferidos e indeferidos. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 607, 608, 618, 619/97, 01, 02, 07, 12, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 28, 34, 35, 46, 60, 61, 69 e 70/98, do  Senhor  Prefeito  Municipal de Porto Alegre; 44/97, do Vereador Oracílio Bonês, Presidente da Câmara Municipal de Tupanci do Sul/RS; 38/98, do Senhor Assis Olegário Filho, da Coordenação de Relações com a Comunidade da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; 48/98, do Senhor José Fortunati, Secretário de Governo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; 01/98, do Vereador João Tadeu Timóteo, Presidente da Câmara Municipal de Ibiaçá/RS; 01/98, do Vereador Rui Abelardo Moscon, Secretário da Câmara Municipal de Cerro Largo/RS; 01/98, do Vereador Renato Paese, Presidente da Câmara Municipal de Caxias do Sul/RS; 01/98, da Vereadora Zelite Judite Previatti Pelissaro, Presidenta da Câmara Municipal de Muliterno/RS; 01/98, do Vereador Adenir Boelter, Presidente da Câmara Municipal de Novo Machado/RS; 01/98, da Vereadora Ana Lúcia Ferrari, Presidenta  da Câmara Municipal de Viadutos/RS; 01/98, do Vereador Ronilto Roldão Selau, Presidente da Câmara Municipal de Mampituba/RS; 01.02/98, do Vereador Alcídio Alberto Gusson, Presidente da Câmara Municipal de Sério/RS; 02/98, do Vereador Arnildo da Silva Lenz, Presidente da Câmara Municipal de Ernestina/RS; 02/98, do Vereador Remi Wickert, Presidente da Câmara Municipal de Dois Irmãos/RS; 02/98, do Vereador Martinho Jost Wendt, Presidente da Câmara Municipal de Quinze de Novembro/RS; 04/98, do Vereador Elói Inácio Stein, Presidente  da Câmara Municipal de Maratá/RS; 06/98, do Vereador Vanderlei Affeldt, Presidente da Câmara Municipal de Chuvisca/RS; 07/98, do Vereador João Aurélio Wildner, Presidente da Câmara Municipal de Mato Leitão/RS; 15/98, do Vereador Ptolomeu Bittencourt Júnior, Presidente da Câmara Municipal de Florianópolis/SC; 17/98, do Vereador Mauro Cézar Bueno, Presidente da Câmara Municipal de Tupanciretã/RS; 307/98, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS; s/nº, do Vereador Júlio Cezar Vaccari, Presidente da Câmara Municipal de Canela/RS; s/nº, do Senhor Edemar Mombach, Superintendente Estadual do Banco do Brasil S/A; s/nº, do Pastor Altir Souza da Silva, Presidente da  Igreja  Pentecostal  Jesus Cristo é o Senhor; s/nº, do Deputado Federal Jair Soares. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Raul Pont e José Fortunati, respectivamente, Prefeito e Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, e dos Senhores João Verle, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação, Rejane Penna Rodrigues, Secretária Municipal de Esportes, Recreação e Lazer, Vicente José Rauber, Diretor do Departamento de Esgotos Pluviais, Dieter Wartchow, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos, João Branco, Secretário Substituto da Secretaria de Planejamento Municipal, e Sofia Cavedon Nunes, Secretária Substituta da Educação. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Luiz Braz registrou o transcurso do aniversário do Vereador José Valdir. Discorrendo sobre o significado dos trabalhos a serem realizados pela Casa durante o corrente ano, saudou a presença dos Senhores Raul Pont e José Fortunati e demais representantes do Executivo Municipal. Ainda, destacou  a importância da  continuidade  da  transmissão das Sessões  deste Legislativo através do Canal 16 - NET.  A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Raul Pont, Prefeito Municipal de Porto Alegre, que, após desejar a todos um bom trabalho no corrente ano, afirmou a disposição do Poder Executivo de prestar quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários em relação ao II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre. Ainda, teceu comentários acerca das razões dos vetos do Executivo Municipal a projetos votados na Casa durante a Sessão Legislativa passada. Após, por solicitação do Vereador Carlos Garcia, foi realizado um minuto de silêncio pelo falecimento do Doutor José Mariano da Rocha Filho, Fundador e Reitor da Universidade Federal de Santa Maria, e do Doutor Carlos Hoffmeister, ex-Presidente do Grêmio Náutico União. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia teceu considerações acerca dos motivos do veto do Executivo  Municipal aposto ao  Projeto de Lei do Legislativo nº 132/97, de sua autoria, comentando declarações a respeito efetuadas pelo Senhor Prefeito Municipal, durante o programa "Sala de Redação" de hoje, veiculado na Rádio Gaúcha. O Vereador João Dib comentou alteração do nome da Travessa Luís Antunes para Travessa José Carlos Dias de Oliveira, referindo-se à ilegalidade argumentada pelo Senhor Prefeito Municipal no veto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 132/97, que altera o nome da Avenida Cascatinha para Avenida Oswaldo Rolla. A seguir, nos termos da letra "f" do § 1º do artigo 94 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Paulo Brum, que formulou denúncia de discriminação sofrida por pessoa portadora de deficiência física, impedida de concorrer às eleições do Conselho Tutelar no Município de Porto Alegre, solicitando providências da Casa quanto ao assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sônia Santos manifestou seu apoio ao pronunciamento do Vereador Paulo Brum. Também,  teceu comentários acerca do veto aposto pelo Senhor Prefeito Municipal ao Projeto de Lei do Legislativo nº 132/97, que altera a denominação da Avenida Cascatinha para Avenida Oswaldo Rolla. O Vereador Cláudio Sebenelo discorreu acerca do significado da flexibilidade interpretativa que possui a legislação, analisando a forma como tal flexibilidade é utilizada pelo Executivo Municipal quando de pareceres relativos a projetos que influenciam a vida da comunidade porto-alegrense. O Vereador Nereu D'Ávila comentou e procedeu à leitura de trechos da reportagem "Forças Armadas - Mea-culpa fardado", de autoria de Paulo César Teixeira, publicada na Revista "Isto É" de onze de fevereiro do corrente, relativa ao livro "Militares: confissões - histórias secretas do Brasil", do Jornalista Hélio Contreiras.  O Vereador Carlos Garcia, lendo artigo de sua autoria, intitulado "O CETE e a Vila Olímpica", onde são destacados problemas que enfrenta o Centro Estadual de Treinamento Esportivo - CETE, os quais impedem o adequado aproveitamento desse Centro, reafirmou solicitações feitas anteriormente, para que o Governo Estadual  tome  as  providências necessárias à solução dos problemas ali encontrados. O Vereador Reginaldo Pujol, discorrendo acerca das atividades realizadas pela Casa, declarou existir uma falta de sintonia entre o Executivo e o Legislativo de Porto Alegre, caracterizada pelo número de vetos encaminhados pelo Senhor Prefeito Municipal a projetos aqui aprovados, salientando sua intenção de colaborar para que seja viabilizado um melhor diálogo entre os poderes governantes da Cidade. A Vereadora Maria do Rosário reportou-se ao pronunciamento do Vereador Reginaldo Pujol, defendendo a concretização de um clima de diálogo permanente entre o Legislativo e o Executivo Municipal, para que seja possibilitada a busca das soluções necessárias aos problemas hoje enfrentados por Porto Alegre. Ainda, apoiou a formação de um bloco democrático e popular, envolvendo esta Casa e toda a sociedade, na busca de melhorias para a população. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 26/98 (Processo nº 413/98 - Moção de Apoio aos Deputados Miguel Rosseto, Gilnei Viana e Germano Rigotto, pelas propostas de modificação da Lei Kandir), de autoria da Vereadora Maria do Rosário. Foi aprovado o Requerimento nº 29/98 (Processo nº 487/98 - Moção de Solidariedade ao Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Rio Grande do Sul, pela defesa que fazem da PROCERGS), de autoria do Vereador Adeli Sell. Foi rejeitado o Requerimento nº 30/98 (Processo nº 498/98 - Moção de Repúdio ao Congresso Nacional e ao Governo Federal, pela aprovação da Reforma da Previdência Social e da Reforma Administrativa), de autoria do Vereador Renato Guimarães, após ser encaminhado  à votação pelos Vereadores Renato Guimarães, Cláudio Sebenelo, Reginaldo Pujol, Pedro Ruas e João Dib. Na ocasião, o Senhor Presidente, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores João Dib, Renato Guimarães, Gerson Almeida, Pedro Américo Leal, Anamaria Negroni, Reginaldo Pujol, Nereu D'Ávila e Cláudio Sebenelo,  prestou informações acerca do teor e da possibilidade de retirada ou de alteração no texto do Requerimento nº 30/98, acima referido. Também, o Vereador Renato Guimarães formulou Requerimento verbal solicitando alteração no texto da Moção de Repúdio relativa ao Requerimento nº 38/98, o qual foi indeferido pelo Senhor Presidente. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias dezesseis e dezessete de fevereiro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Cyro Martini, informando que Sua Excelência  integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Foi aprovado o Requerimento nº 27/98 (Processo nº 434/98 - Moção de Apoio à Defensoria Pública do Estado, pela implantação do serviço de assistência judiciária gratuita à população das ilhas do Guaíba), de autoria da Vereadora Anamaria Negroni. Foi aprovado o Requerimento nº 31/98 (Processo nº 499/98 - Moção de Solidariedade à Associação Nacional dos Servidores Municipais de Saneamento, por sua luta para rejeição do Projeto do Senador José Serra, que retira a titularidade sobre saneamento dos  municípios), de autoria do Vereador Gerson Almeida. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Adeli Sell registrou o transcurso, hoje, do Dia do Repórter. Destacou a passagem do aniversário de fundação da Companhia Riograndense de  Telecomunicações, declarando que os serviços oferecidos por essa Companhia perderam qualidade após a privatização da mesma. Também, criticou a  forma de cobrança de pedágio nas rodovias do Rio Grande do Sul. A Vereadora Anamaria Negroni manifestou-se acerca do posicionamento adotado pelo Vereador Adeli Sell, contrário ao pagamento de pedágio nas rodovias gaúchas. Discorreu sobre Pedido de Providências de sua autoria, que sugere ao Executivo Municipal a instalação de controladores eletrônicos de velocidade nas estradas de acesso a Porto Alegre. O Vereador João Dib comentou diminuição verificada no número de leitos hospitalares colocados à disposição pelo Sistema Único de Saúde em Porto Alegre, salientando que tal fato proporciona  uma maior busca, pela comunidade, por atendimento médico junto ao Grupo Hospitalar Conceição. O Vereador Antônio Losada, ao referir-se ao Requerimento nº 30/98, de autoria do Vereador Renato Guimarães, criticou as medidas propostas pelo Governo Federal, modificando o tempo de contribuição e valor dos benefícios da Previdência Social e alterando direitos trabalhistas consagrados na Constituição Brasileira. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Lucas Guimarães Rodrigues Filho. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Carlos Garcia, reportando-se ao discurso do Vereador Adeli Sell, saudou o transcurso do Dia do Repórter. Teceu comentários sobre a redução observada nos preços dos combustíveis nos postos do litoral gaúcho e externou sua preocupação com os postos que utilizam o sistema "self-service" de venda de combustíveis. Ainda, discorreu sobre pedido da Secretaria Estadual da Educação, de contratação de professores em caráter emergencial, sem o devido concurso público. O Vereador Cláudio Sebenelo  referiu-se às atividades empreendidas pelo Ministério da Saúde para reduzir o número de acidentes de trabalho no País, ressaltando a necessidade do fornecimento de equipamentos de proteção individual aos trabalhadores e da realização de cursos para uso correto desses equipamentos. Também, teceu considerações sobre a atual conjuntura do sistema de saúde pública, analisando dispositivos legais que determinam a prestação trimestral de contas dos recursos recebidos pelos municípios junto ao Sistema Único de Saúde. A Vereadora Clênia Maranhão comentou o Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional, que visa regulamentar a atividade das empresas administradoras de planos de saúde, salientando a necessidade de melhorias no Sistema Único de Saúde, a fim de que este possa atender devidamente a população brasileira. Ainda, discorreu sobre aumento verificado nos preços dos medicamentos, analisando a possibilidade de que os municípios possam produzir remédios de uso geral, a custos reduzidos. O Vereador Cyro Martini  pronunciou-se acerca da Lei nº 9503/97, que  institui  o  Código  Brasileiro  de Trânsito, classificando como "exageradas" as normas de caráter penal  ali constantes e comentando os reflexos dessa lei sobre o comportamento de motoristas e pedestres. Às dezessete horas e quarenta e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Reginaldo Pujol e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada  pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Nós comunicamos ao Plenário que, hoje, na Sessão de Instalação dos trabalhos deste ano, estamos tendo a grata satisfação de receber o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Raul Pont, o Sr. Vice-Prefeito Municipal, nosso amigo Fortunati, e os Secretários: João Verle, do DEMHAB; Rejane Penna Rodrigues, de Esportes, Recreação e Lazer; Vicente José Rauber, do DEP; Dieter Wartchow, do DMAE;  João Branco, Secretário Substituto da Secretaria Municipal do Planejamento; e Sofia Cavedon Nunes, Secretária Substituta da Educação.

Nós nos sentimos muito honrados com essas presenças.

Solicitamos que o nosso 2º Secretário, Ver. Paulo Brum, assuma a presidência dos trabalhos, pois vamos utilizar o Tempo de Presidência para saudar as autoridades que nos vieram visitar e também para fazer um comunicado especial ao nosso Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicação de Presidente.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, no exercício da Presidência desta Casa; Sr. Prefeito Municipal, Dr. Raul Pont; Sr. Vice-Prefeito Municipal; Srs. Vereadores; Senhores e Senhoras, quero, em primeiro lugar, cumprimentar o Ver. José Valdir, aniversariante do dia. Hoje ele está ficando com um pouco mais de idade. Experiente ele sempre foi, mas hoje ele está ficando mais experiente ainda, já que está completando mais um ano de vida.

Este momento é um momento muito especial para este Legislativo. Eu acredito que todos os Vereadores os Vereadores concordam que, independente das nossas diferenças ideológicas, partidárias, e independente de todas as divergências que, porventura,  temos ou tivemos,  para que a Cidade possa ganhar cada vez mais com a Administração da Prefeitura e com a participação da Câmara, é necessário que estejamos bem sintonizados. Não significa, com isso, que as nossas diferenças ideológicas vão desaparecer; elas continuam, elas estão presentes. Mas significa que temos que estar vencendo essas diferenças sempre que a nossa atuação for solicitada no sentido de que, juntos, possamos somar forças para a Cidade ganhar, tanto com os projetos do Executivo que são examinados por esta Casa,  como em todas as ações que o Executivo e o Legislativo têm que realizar conjuntamente.

Hoje na instalação dos trabalhos do ano de 1998, quando temos a presença do Sr. Prefeito e do Sr. Vice-Prefeito que vieram prestigiar o início do ano legislativo, vejo que temos tudo para termos um ano bom e para que a Cidade possa esperar dos homens que escolheu para dirigir seus destinos atitudes melhores no sentido de que possamos, ao analisar todas as propostas, dar sempre o melhor de todos nós para que as soluções possam ser encontradas no sentido de resolver ou, pelo menos, tentar  equacionar os problemas.

Estão aqui os Secretários, homens que muitas vezes já criticamos desta tribuna, dizendo que temos uma certa dificuldade para chegar até eles, e criticamos essa dificuldade, porque acreditamos que esse relacionamento, que hoje estamos aqui iniciando neste ano de 1998,  tem que continuar,  tem  que ser realçado e reforçado em todos os instantes. Mas  tanto no momento em que o Secretário vem a esta Casa e que é muito bem recebido - e  será sempre muito bem recebido - para tratar de qualquer tipo de assunto que diga respeito a nossa Cidade, como também  no momento em que o Vereador, seja ele de qualquer partido, tenha que se dirigir até a Secretaria para resolver um problema que sempre  estará relacionado com a Cidade, neste momento - acredito eu - a Secretaria tem que abrir as suas portas para receber o Vereador, porque ele sempre estará lá para tratar de um assunto da Cidade. E eu sempre fiz as críticas, Ver. Pedro Américo Leal, no sentido de que aquela distância que muitos Vereadores sentem, que é a distância  até as Secretarias, deve ser encurtada.

Mas acredito que esse gesto aqui hoje, do Sr. Prefeito Municipal, do Sr. Vice-Prefeito e dos Secretários, de virem até esta Casa no início desta Legislatura,  pode ser realmente um  bom  sinalizador. Quem sabe nós estejamos hoje inaugurando, eu não digo nem entre a Câmara e Prefeito Municipal e Vice-Prefeito, porque esse relacionamento sempre foi muito bom, mas eu digo entre a Câmara e toda a Administração, com os Secretários e todas as Secretarias e diretorias. Considero necessário fazer com que esse relacionamento entre Vereadores e Secretarias possa realmente melhorar o máximo possível, para  que nós Vereadores possamos estar lá fazendo o nosso trabalho em prol da Cidade e, também, possamos estar recebendo, aqui,  todos esses homens, que também trabalham em prol da Cidade, a todo instante em que sentirem que devem vir para prestar contas daquilo que estão fazendo para a comunidade que eles também representam.

Então, Sr. Prefeito Municipal, Raul Pont, e meu amigo Fortunati, Vice-Prefeito, fico realmente muito feliz com essa vinda dos Senhores aqui até esta Casa. E podem  ter certeza absoluta que nós durante todo este ano estaremos trabalhando na direção dos trabalhos aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, sempre procurando fazer com que os nossos esforços possam unir as nossas forças em busca das soluções que a Cidade está precisando desta Casa. Sempre que quiserem que esta Casa trabalhe junto com os Senhores, podem ter certeza de que esta Casa assim o fará, porque nós, que já vivemos aqui há alguns anos, sabemos muito bem que todos os Vereadores estão dispostos a trabalhar no sentido de fazer com que a Administração que está lá na Prefeitura Municipal possa fazer o melhor  em prol da sociedade.

Agradecemos por essa vinda aqui, por esse sinal positivo de aproximação. Que tenhamos, não apenas hoje, na abertura dos nossos trabalhos, mas ao longo de 1998, bons momentos em que estaremos nos entendendo, fazendo com que Legislativo e Executivo possam estar marchando juntos em busca de melhores rumos que farão com que a nossa sociedade possa ter dias melhores.

Quero dizer, ainda, que estávamos correndo um certo risco de não termos o nosso Canal 16, com os programas normais, que a nossa população já estava acostumada a ver, das Sessões Ordinárias da Câmara Municipal. Porém, hoje, em entendimento que tivemos com a Procuradoria desta Casa, chegou-se à conclusão de que se poderia fazer, através de um termo aditivo, uma extensão de contrato com a empresa com a qual vínhamos operando, no sentido de fazer com que, até o momento em que tenhamos a licitação pronta para a contratação de novos serviços, essa empresa possa continuar nos prestando os mesmos trabalhos que tem feito, desde o final do ano passado. Assim, temos a garantia de que o trabalho que está sendo mostrado para a sociedade, através do Canal 16, e através da produção desses programas por essa empresa, terão solução de continuidade. Nós poderemos continuar contando com o canal de televisão para colocar a população mais próxima a nós, e nós mais próximos de toda a comunidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Chefe do Executivo Municipal para que faça a sua manifestação no início dos nossos trabalhos neste ano de 1998, o Sr. Raul Pont.

 

O SR. RAUL PONT: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; demais membros da nova Mesa Diretora desta Casa que assume, neste início de Sessão Legislativa, um novo mandato; companheiro José Fortunati, Vice-Prefeito; nobres Vereadores e Vereadoras.

Na abertura de mais uma Sessão Legislativa, queremos trazer aos Senhores Parlamentares o nosso desejo de bons trabalhos ao longo de 1998; saudá-los nesta abertura e reafirmar o compromisso do Poder Executivo, já demonstrado ao longo de 1997, de realizar um trabalho comum, um trabalho junto com a Câmara em função dos interesses da Cidade.

É com satisfação que queremos anunciar aos Srs. Vereadores e Vereadoras que o Secretário Utzig, que chegou recentemente de Washington, conseguiu dar o passo final, decisivo para a liberação do nosso contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Com isso, nós já estamos ultimando a documentação para que a liberação final, pelo Senado da República, seja dada e possamos assinar o contrato da III Perimetral, ainda neste primeiro semestre. Nosso desejo é de que façamos isso ainda em abril, que é a data possível, com as tramitações feitas junto ao Governo. Os últimos óbices que existiam já foram superados.

Nós já estamos com o nosso escritório  de negociações de compra de terrenos que serão afetados pelo Projeto. É um Projeto que foi acompanhado, desde o primeiro momento, pela Câmara Municipal. É muito importante para a nossa Cidade, vai dar um outro perfil viário, de desenvolvimento imobiliário e negócios.

Reafirmamos, mais uma vez, que o Poder Executivo tem o maior interesse em prestar todos os esclarecimentos e atenção ao novo Plano Diretor da nossa Cidade. Será um Projeto que certamente irá dominar o debate e o aprofundamento técnico ao longo do primeiro semestre. A aprovação deste Projeto significa adequar a Cidade ao novo momento em que estamos vivendo, ao momento de grandes modificações no crescimento demográfico, modificações físicas, de desenvolvimentos maiores de uma e de outra região, para que possamos integrar um conjunto de normas e regras que venham adequar a nossa Cidade do ponto de vista do seu desenvolvimento e garantindo a qualidade de vida. Um crescimento harmonioso com o meio ambiente, um crescimento que garanta a todos os cidadãos uma boa qualidade de vida.  

Aproveito a oportunidade para comentar rapidamente o caso, debatido pela imprensa nos últimos dias, que adquiriu uma dimensão bem superior ao seu significado real. Falo sobre o veto do Poder Executivo a um Projeto, aprovado nesta Casa, que pretendia trocar a denominação da Av. Cascatinha pelo nome de Oswaldo Rolla. Esse é um ato rotineiro, normal, assim deveria ser visto e analisado. Diante do tipo de cobertura que foi feito em relação  a esse caso,  gostaríamos de deixar consignado perante os Vereadores a nossa avaliação e opinião sobre esse caso, já que não tivemos a oportunidade, a sorte, de ter a versão do Poder Executivo durante os dias de quinta, sexta, sábado e ontem na cobertura de imprensa. Simplesmente, o que realizamos ao vetar esse Projeto foi  seguir a mesma argumentação e os mesmos critérios levados em consideração pela Comissão de Constituição e Justiça desta Casa. Os argumentos que utilizamos no nosso Veto foram semelhantes, alguns idênticos àqueles que foram colocados no Projeto pela Comissão de Constituição e Justiça da própria Câmara Municipal. Não apenas isso, mas também no mesmo sentido, por maioria, a Comissão de Constituição e Justiça entendeu que o Projeto não cumpria as determinações técnicas e legais exigidas para esses casos. Não há, nesse caso,  nenhum tratamento político ou atitude arbitrária por parte do Poder Executivo e, muito menos, qualquer tipo de discriminação de qualquer parlamentar, seja ele do partido que for.

Temos uma trajetória dentro do Poder Executivo como Vice-Prefeito e, agora, como Prefeito. Não temos nenhum tipo de postura que autorize essas avaliações. O que fizemos foi, simplesmente, entender que o Projeto não cumpria aquelas determinações que são as do plebiscito, que a Av. Cascatinha corresponde também a um elemento cultural importante de nossa Cidade.  Por essas razões, o Veto deveria ser colocado.

Diante desse  quadro e para que não paire nenhuma dúvida  sobre o porquê de fazer isso, eu insisto com esse  fato, porque, durante dois ou três dias, a imprensa insistiu com esse tipo de versão. Não temos nenhuma atitude pessoal ou partidária ao estabelecer esses elementos. Temos procurado sempre agir, fundamentalmente, dentro da Lei, dentro das regras que foram estabelecidas por esta Câmara. Esse foi o Parecer da Comissão de Constituição e  Justiça. E na Lei Complementar nº 320, está claramente estabelecida a necessidade do plebiscito e o acompanhamento pela Câmara Municipal desse tipo de consulta.

Discutimos hoje, com a liderança da Bancada do nosso partido e queremos reafirmar que, se o desejo desta Câmara, ao expressar a vontade soberana do Poder Legislativo e, portanto,  a vontade majoritária da população, é de derrubar esse Veto, não terão, por parte do Poder Executivo, nenhuma medida judicial ou nenhuma postura crítica em relação a isso; ao contrário, na discussão com a liderança de nossa Bancada, pedimos, inclusive, que a Vera. Maria do Rosário, orientasse a  Bancada no sentido de votar também pela derrubada do Veto. Não há nenhum ato do nosso Governo que seja marcado por critérios discriminatórios ou por atos arbitrários. Todas as vezes que assumimos posições que, às vezes, podem parecer antipáticas e impopulares, foi, exclusivamente na defesa da Legislação votada e aprovado por este Plenário. A Lei Complementar nº 320 é tão explícita nesse sentido, que a própria CCJ desta Câmara também votou, por sua maioria, pela rejeição do Projeto. Mas sentimos que a Lei deve estar em consonância com o sentimento, com as emoções e com a vontade dos cidadãos.  É por isso que o Poder  Legislativo, na sua soberania, poderá exercê-lo ao promulgar, através da derrubada do Veto, essa Lei, e, conseqüentemente, fazer valer essa vontade que aqui, hoje, tão majoritariamente, se expressa ou, pelo que diz a imprensa, é expressada pela  maioria ou pela totalidade dos Vereadores.

Gostaríamos de deixar isso consignado porque, infelizmente, não tivemos, com a imprensa de Porto Alegre, oportunidade de colocar a nossa versão, as nossas justificativas, porque, como já disse, durante três dias, o que perdurou foi simplesmente a via única da atitude arbitrária, a via única da atitude autoritária do Poder Executivo, principalmente na figura do seu Prefeito. Nós respeitamos a opinião da Secretaria do Planejamento, como também levamos muito em conta o próprio Parecer, apensado ao Processo, da Comissão de Constituição e Justiça desta Casa.

Essas foram as razões que nós queríamos trazer aos Srs. Vereadores ao saudá-los neste início de Sessão Legislativa, reafirmando os nossos objetivos de continuar mantendo esta relação cordial e respeitosa que os Poderes devem ter entre si para que possamos melhor garantir o processo democrático e o processo de relações, dentro da nossa Cidade.

Uma boa Sessão Legislativa no ano de 1998 e que a Cidade de Porto Alegre se orgulhe por mais um ano de trabalho do nosso Governo e desta Câmara Municipal. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Nós queremos propor um minuto de silêncio pelo falecimento do Dr. José Mariano da Rocha Filho, Fundador e Reitor da Universidade Federal de Santa Maria, e pelo Dr. Carlos Hoffmeister, ex-Presidente do Grêmio Náutico União e Presidente Benemérito e que, por inúmeras vezes, foi Presidente do Rotary e Governador.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,  ouvi atentamente o Prefeito Municipal Raul Pont. Eu queria até cumprimentá-lo pela atitude de fazer com que esta Casa possa reparar um equívoco feito ao vetar o nome de Oswaldo Rolla para uma avenida de nossa Cidade. Nesta oportunidade, eu pretendia fazer com que pudéssemos deixar evidenciado que houve erros durante esse processo, mas eu não queria fazer isso na ausência do Prefeito Municipal. Por isso, fiz questão de ser o primeiro inscrito, pensando que poderia dizer isso diante do Prefeito, para que, amanhã ou depois, não fosse dito que o Ver. Fernando Záchia esperou a ausência do Prefeito Municipal para criticá-lo.

Hoje, ainda, às13h30min, eu ouvia no "Sala de Redação", o Prefeito dizer que ele sempre, independente  do mérito da questão, vetaria se houvesse irregularidade ou ilegalidade. Insistiu o Prefeito, nesse programa, e disse aqui na tribuna, que a Comissão de Justiça da Câmara Municipal de Porto Alegre foi a primeira a rejeitar o Projeto. É verdade. Mas não podemos ignorar que o Parecer da CCJ, de 23 de setembro, foi pela rejeição do Projeto, porque o seu parecerista, o nobre Ver. Juarez Pinheiro, entendia que toda a troca de nome de rua oficial deve ser através de plebiscito.

Este Vereador teve a preocupação de solicitar uma diligência ao Executivo Municipal, datado de 3 de outubro de 1997, uma semana após o Parecer da CCJ, nos seguintes termos: “solicito encaminhar consulta à Secretaria de Planejamento Municipal quanto à denominação da Av. Cascatinha, se a mesma foi denominada por lei ou decreto municipal”. No dia 30 de outubro - isso faz parte do Processo, o Prefeito Raul Pont tem em mãos - veio a resposta do Executivo Municipal, assinada  pelo Prefeito Municipal, onde ele reconhece que a SPM informa que a Av. Cascatinha não teve o seu nome denominado por lei ou decreto. Ainda, o Prefeito expõe com muita propriedade que a Av. Cascatinha é um logradouro consagrado há mais de 30 anos e que isso causaria ônus à comunidade para alterar o nome no Registro de Imóveis, DMAE, CRT, IPTU, etc. Mas nesse documento, datado de 30 de outubro, assinado pelo Prefeito Municipal, ele reconhece que a Av. Cascatinha não é oficial, nem por decreto do Legislativo nem por decreto do Executivo. Parece-me que desconhece - não o Prefeito, mas a sua assessoria - que esta Casa aprovou lei complementar, a Emenda à Lei Orgânica nº 13, que altera o parágrafo 2º do art. 82 no seu inciso IV:  “será necessário o plebiscito para alteração de denominação oficial dos próprios, vias e logradouros”. Ora, se temos um documento onde o Executivo informa que não é oficial a Av. Cascatinha, que é uma avenida consagrada, que é uma avenida cadastrada, qualquer rua deste Município que não tem nome oficial, mas que tem estrutura viária, é cadastrada, Ver. João Dib. Se nós alterarmos, na Vila Minuano, a rua nº 01, saberemos que ela é cadastrada, mas não é oficial, e isso nos permite trocar o seu nome. Veja: a informação do Executivo, assinada pelo Sr. Prefeito, diz que não é uma rua oficial nem por decreto do Executivo, nem por decreto do Legislativo. Então, isso permitiu que esta Casa pudesse aprovar, por unanimidade, o Projeto. A minha contrariedade é com o que o Prefeito diz, e disse no "Sala de Redação", que ele não faria ilegalidade. Se os Vereadores votaram por motivo emocional, em razão do que representa a figura de Oswaldo Rolla, se  os Vereadores votaram por motivo político, ele, Prefeito desta Cidade, não faria uma ilegalidade. Nós, da Câmara, que aprovamos por unanimidade, estaríamos contrariando as leis do Município.

Peço à Líder, Vera. Maria do Rosário para  que converse com o Prefeito. No mínimo, quando ir a um programa de Rádio, leve a legislação da Cidade e que faça uso da sua palavra oficial, observando as leis do Município, e não em sensibilidade do Prefeito. Eu posso duvidar, pois essa mesma sensibilidade, que negou essa justa e legal homenagem, pode causar-nos desconfiança. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na realidade, sou um crítico duro, contundente da administração prefeitural que  às vezes eu chamo de administração para pular. Para pular de raiva com as coisas que acontecem e feitas com incoerência.

Se sou um crítico duro e contundente, também sou sério e responsável. Nunca faço uma crítica sem que haja documentação atrás dela.

Vou falar sobre o projeto de denominação da antiga travessa Luiz Antunes, no centro da Cidade , que passou a se chamar José Carlos de Oliveira. O companheiro Zézinho  participou da luta pela derrubada da  ditadura militar, mas, na oportunidade, eu chamava a atenção de que ali não era uma rua, mostrava que a Prefeitura não só aprovou e sancionou o Projeto, mas o fez com ilegalidade, com imoralidade, porque o  Conselho do Plano  Diretor,  só depois de aprovada a lei,  é que diz que poderia ser rua.  Não é rua, é um  terminal de ônibus, acaso  eu poderia,   nos terminais de ônibus da Praça Rui Barbosa  e Praça Parobé,  denominar ruas? Claro que não, o Executivo respondeu-me  que não.  Mas, na oportunidade, eu mostrava, nesta Casa, que ainda estava no local a placa denominando travessa  Luís Antunes. Aqui está a foto que mandei incluir no  Processo. "Antigo  comerciante desta Praça e um dos pioneiros da vinicultura no Rio Grande do Sul". A lei  foi sancionada, e a placa estava no  local, foram dois votos contrários ao Projeto de Lei, com declaração de voto e quatro abstenções.  Declarávamos o Ver. Pedro Américo Leal e este Vereador: "Votamos contrariamente não à  homenagem  que se  pretende prestar ao Sr. José Carlos Dias de Oliveira,  mas pelas irregularidades  contidas no Processo, entre outras, a ausência de resolução do Conselho do Plano Diretor alterando a área da Praça Revolução Farroupilha. Informo que, caso o Sr. Prefeito não vetar a lei,  ingressarei em juízo para a anulação da mesma". Foram muitas as inverdades para aprovar um Projeto eminentemente político de uma rua que estava ainda com a placa de denominação e que foi incluída  quando se retirou também um pedaço da Av. Borges de Medeiros, no ano de 1985 quando nós homenageamos no ano de 85, a, o Sesquicentenário da Revolução Farroupilha. Dirão agora que o tratamento não é incoerente. No caso do Zezinho, sim; no caso do Foguinho, não. Quero que alguém me prove que não há incoerência, que não há diferença de tratamento, ainda mais que a ilegalidade foi alertada. E eu vou provar, depois, que a resolução do Plano Diretor é posterior à lei. Eles não tinham nem a rua, e lá estava a placa, que só foi tirada alguns meses depois de sancionada a lei. É que, provavelmente, contrariava a FEDERASUL, porque o Sr. Luiz Antunes era membro da FEDERASUL, provavelmente contrariava os viticultores gaúchos, que viam naquela figura extraordinária de Luiz Antunes, que eu aprendi a admirar quando criança, lá em Caxias, uma pessoa a ser homenageada e respeitada. Mas o Zezinho era mais importante que o Foguinho.

 Eu concedi ao  Sr. Oswaldo Rolla uma medalha de Porto Alegre. E quando eu o comuniquei que isso aconteceria ele me disse que não merecia a homenagem. Só o fato de dizer que não merece faz com que ele mereça duplamente a homenagem, porque a Cidade de Porto Alegre e o Rio Grande do Sul admiravam e continuam admirando a figura extraordinária de Oswaldo Rolla, que o Ver. Fernando Záchia, num momento muito oportuno, homenageou numa rua, que não tinha denominação oficial, mas o Prefeito estabelecia diferença para o Zezinho e para o Foguinho. Mas, de qualquer forma, Srs. Vereadores, também é o Prefeito. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: De acordo com o artigo 94 do Regimento, essa Presidência concede tempo especial para ser utilizado pelo Ver. Paulo Brum, que passa a ter 10 minutos.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu ocupo esse período que o Regimento nos concede para trazer a este Plenário uma grave acusação. Nós estamos diante de um fato que não podemos admitir. Um caso de discriminação contra uma cidadã portadora de deficiência física - encontra-se presente neste Plenário - a Sra. Magda Viviane de Deus dos Santos que teve a sua pretensão de concorrer à conselheira tutelar, por usar uma cadeira de rodas. Queremos que a nossa Comissão de Direitos Humanos,  na qualidade do Sr. Presidente, assuma esse caso conosco. Temos aqui uma carta assinada pela Presidente da Comissão Eleitoral, Sra. Márcia  Rosa de Lima. (Lê.) “Comunicamos o indeferimento de sua inscrição pelos motivos: 1º) O inc. VII do art. 23 da Lei Municipal nº 6787/91, alterada pela Lei Municipal Nº 8067/97”.   Reporto-me à  época, quando esta Comissão procurou a Bancada do PPB da Câmara, foi levantada a questão em relação à forma como foi redigido o inc. VII que diz: “Estar em pleno gozo das aptidões físicas e mentais para o exercício do cargo de Conselheiro Tutelar”. Lembro-me que o Sr. Presidente disse “se o Ver. Paulo Brum quiser ser conselheiro tutelar não vai poder ser, dependendo de como vai ser esclarecido esse inciso”.  Pois bem, esse caso, Sr. Presidente, esse caso nos chega à realidade.  A Dona Magda, nem digo que vai, ou não, ser conselheira; ela não pode ter o seu direito de participar, de fazer com que a população avalie se ela tem condições, ou não, de ser uma conselheira tutelar. Aqui, está caracterizado no seu atestado médico, a Requerente é portadora de "paraplegia de membros inferiores, locomovendo-se em cadeiras de rodas", por isso, ela não pode ser Conselheira tutelar de Porto Alegre.

Nós, Sr. Presidente, estamos estarrecidos, já nomeamos uma comissão de advogados que está entrando com Mandado de Segurança, está entrando com Representação junto a esta Comissão Eleitoral, para que façamos justiça.

Tivemos a oportunidade de receber o nosso Prefeito e levei o caso ao seu conhecimento. Ele, em  princípio,  ficou pasmo e acha que isso não pode ter acontecido. Nós fizemos chegar até suas mãos uma cópia dessa carta que caracteriza um ato de discriminação para com uma cidadã, que quer ter o direito de ter a sua vida ativa, laborativa, e participar do convívio social na sua integralidade.

Nós temos diversos artigos da nossa Constituição Federal, que é muito clara,  veda qualquer tipo de discriminação contra o cidadão. No artigo 7º, Inciso 31, diz: “A proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”.

Sr. Presidente, nós trouxemos a esta Casa esse fato que consideramos de alta gravidade. Não falo somente como Vereador desta Casa, mas como Presidente da Federação Rio-Grandense de entidades que congregam pessoas portadoras de deficiência física,  para o qual tive a felicidade de ser eleito, e como coordenador da Frente Rio-Grandense de Parlamentares Portadores de Deficiência, pois temos um trabalho grande na busca de reconhecimento do direito do cidadão portador de deficiência ter a sua participação garantida e assegurada em todos os níveis da nossa sociedade.

Por isso, Sr. Presidente, nós trouxemos esse caso e queremos que a nossa Comissão de Direitos Humanos passe a analisar e tratar com tenacidade esses casos e essa denúncia que trouxemos até a esta Câmara.

 

O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Vereador,  não falo em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, mas na condição de Vereador que participou ativamente das negociações da alteração dessa Lei. Sob nenhuma hipótese este foi o espírito do acolhimento de uma emenda, que eu não sei quem é o autor, porque ela partiu da Câmara de Vereadores - não sei se foi do Ver. Antonio Hohlfeldt ou do Ver. Hélio Corbellini -, mas em nenhum momento esse era o espírito da Lei. Portanto, o Presidente da Comissão Eleitoral, agiu no zelo de cumprir a Lei, o que é a obrigação. Parece-me que cabe a denúncia, que é muito justa, e à própria Câmara de Vereadores, numa consulta à Comissão de Justiça, elucidar para que outros casos como esse não extrapolem o espírito da lei. É bastante justo, mas me parece que, nesse caso que V.Exa. relata com bastante propriedade, a meu juízo, pelo menos, não está adequado.

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É muito importante cumprimentar V.Exa. e dizer o seguinte: obviamente, este art. 7º é absolutamente inconstitucional. Acho importante que não só tenhamos a denúncia e as investigações corretas, mas,  também, uma medida mais concreta que preserve o direito da cidadã interessada em concorrer, mesmo  com o prazo findo para as inscrições. Acho que esse tipo de medida em relação à inconstitucionalidade desse art. 7º pode ser tomada por essa comissão de juristas; pode ser tomada, e seria tomada, com certeza, pela Ordem dos Advogados do Brasil e pode ser também iniciativa desta Casa. Acho que é importante, além das medidas concretas de denúncia, também as medidas concretas de preservação do direito da cidadã interessada em concorrer.

 

O SR. PAULO BRUM: V.Exa. como Conselheiro da OAB, com certeza, vai nos dar essa guarida que tanto precisamos.

 

A Sra. Maria do Rosário: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nós queremos também acolher as questões trazidas pelo nobre Ver. Paulo Brum, sempre atento às questões dos portadores de deficiência e às questões que contribuem para que tenhamos uma sociedade  melhor. Queremos dizer que  se nós, enfim, aprovamos uma legislação, existe a possibilidade de recurso e  esse recurso deve ser o primeiro instrumento, porque ele é parte do processo democrático daqueles que se sentem lesados. A nossa Câmara, através das manifestações individuais dos Vereadores, ou mesmo através da Comissão de Direitos Humanos, deverá tomar ciência e analisar essa questão, inclusive, conversando com a Comissão Eleitoral.

 

O Sr. Hélio Corbellini: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Como Presidente da Comissão de Direitos Humanos, eu queria dizer de que acolhemos a denúncia, solicitamos que seja anexado o seu pronunciamento. Esclarecemos esta Casa que este inciso da Lei veio pelo governo Executivo, não foi um inciso de nenhum Vereador desta Casa.

 

O SR. PAULO BRUM: Eu lembro que na época nós debatemos na nossa Bancada, levantado muito bem pelo nosso Presidente Luiz Braz.

 

O Sr. Hélio Corbellini: Exatamente, mas só para esclarecer, para que não fique dúvidas porque foram citados os dois Vereadores aqui.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na mesma linha do Ver. Corbellini eu quero, inclusive, reportar à circunstância de que esse texto da lei original foi destacado, objeto de discussão;  vários Vereadores, inclusive este vereador, votaram contra naquela ocasião. Eu justifiquei da tribuna que deixaria ao arbítrio eventual da decisão: do que era, ou do que não era aptidão física.  Referi, inclusive, a V.Exa., naquela ocasião, o risco que  nós corríamos em ver mantido na lei este dispositivo; aqui está a prova.

Eu queria, nessa linha, sugerir a V. Exa. que, além de acionar a Comissão de Direitos Humanos, também acione a Comissão de Justiça da Casa para, se for o caso, dar tutela legal à Magda Viviane, que tem que ter assegurado o direito de se candidatar ao posto de Conselheira Tutelar e ver acolhida ou não a sua pretensão, é um direito que nós queremos assegurar por lei.

 

O Sr. João Dib: V. Exa.  permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro Ver. Paulo Brum, eu acredito que, se dependesse da Administração Prefeitural do PT, o Presidente Franklin Delano Roosevelt não teria sido Presidente dos Estados Unidos. Deve ser um pouco mais difícil do que ser Conselheiro Tutelar. Saúde e paz.

 

O SR. PAULO BRUM:  Obrigado, Ver. João Dib. Muito bem lembrado.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não só queria apresentar a solidariedade do PSDB, mas queria também ressaltar que, pelo seu esforço, pela sua atuação, nós temos hoje aqui, entre nós, Jorge Teixeira. Em segundo lugar, é inaudita, é uma violência esse tipo de discriminação que tem a repulsa de todos nós. E, mais do que isto, eu penso que a Comissão de Direitos Humanos tem que assumir o papel de defensora, não só deste caso,  mas estabelecer uma regra que tem que, pelo menos, seguir a Constituição. Acho até estranho esse rígido zelo, pela lei, de uma certa ala.

 

O SR. PAULO BRUM: Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo. Sr. Presidente, só para encerrar, o que é mais grave ainda, aí eu também gostaria do depoimento do nosso Conselheiro da OAB, porque esta carta aqui, Ver. Pedro Ruas, diz “a comissão eleitoral, com a anuência do Ministério Público”, é  com isso que não posso concordar e não posso aceitar. Por isso, Sr. Presidente, fica aqui a nossa denúncia. Queremos sim, apurar, e vamos lutar, a todas as expensas necessárias, para que um fato como esse jamais aconteça na nossa Porto Alegre, no nosso Rio Grande e no nosso Brasil. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Sônia Santos em Comunicação de Líder.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, digo da tribuna ao nobre colega Ver. Paulo Brum, da mesma forma, em nome da Bancada do PTB, que nos solidarizamos com V. Exa. Isso demonstra o quão importante é esse segmento ter o seu representante, uma pessoa que está sempre atenta a essas questões que atingem os portadores de deficiência física.

Hoje tivemos a grata satisfação de ter nesta Casa a presença do nobre Sr. Prefeito Municipal Raul Pont. É bom termos, no reinício dos trabalhos legislativos, a presença do Chefe do Executivo para que, juntos, trabalhemos em prol do Município ao longo deste ano de 1998.

O que me causa espécie é a surpresa que causou no nosso Prefeito a repercussão em torno da troca do nome da Avenida Cascatinha para Oswaldo Rolla. É surpresa para nós, parlamentares, que o nosso Prefeito baseie seu veto no parecer da Comissão de Constituição e Justiça. Nós, todos, os Vereadores, unanimemente decidimos pela aprovação desse Projeto.

Gostaria de lembrar aos nosso colegas, principalmente, ao Ver. Fernando Záchia, propositor desse Projeto, que contássemos ao Prefeito uma história, visto que hoje no "Sala de Redação", ele fez a colocação da sua surpresa em torno da repercussão, junto à opinião pública, de um fato que ocorreu dentro desse mesmo programa há alguns anos, quando o Grêmio havia perdido para o Vasco da Gama, se não me engano, por um placar de 3 x 0 e o Prof. Ruy Carlos Ostermann disse que o goleiro Leão teria sido surpreendido por um potente chute, do jogador Dinamite, de fora da área. O nosso querido Oswaldo Rolla respondeu, dizendo que ele não poderia estar sendo surpreendido por um chute de fora da área, visto que ele recebia uma fortuna por mês, simplesmente, para ficar ali, dentro do gol, evitando que a bola entrasse ali. As palavras de Oswaldo Rolla foram: "Surpreendido ele ficaria se viesse uma vaca voando". Então, nós podemos dizer ao nosso Prefeito que ele poderia ficar surpreso se não houvesse nenhuma repercussão quando uma Casa legislativa,  por unanimidade, resolve aprovar um Projeto, como foi esse proposto pelo Ver. Fernando Záchia. Esperamos que o nosso Executivo continue mais atento para essas questões, e que não seja surpreendido por "vacas voando" do Legislativo, a parar no Executivo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr Presidente e Srs. Vereadores. Ora, as leis! A forma com que interpretamos as leis; a elasticidade com que elas devem ser interpretadas. Ora, Srs. Vereadores, o Parecer do Sr. Juiz de Direito, que julgou o mandato da Prefeitura Municipal com relação ao julgamento da demanda proporcionada pelo Abrigo Dias da Cruz, uma das obras mais meritórias desta Cidade. O juiz dizia, em seu Parecer, que o Sr. Prefeito deveria estar consciente de que as leis não são teoremas matemáticos exatos, e que essa atitude cartesiana em relação à Lei deveria ter a compreensão dos processos culturais, dos processos sociais, inclusive o da solidariedade humana. Porém, parece que essa lição de humanidade desse Juiz de Direito não ecoou como deveria junto ao Paço Municipal que, mais uma vez, trata de forma grosseira um assunto tão delicado, como é, por exemplo, o da criação do Museu de Esportes, que também foi vetado. As razões legais são esquecidas. A lei é extremamente clara e dispensa  qualquer tipo de outra  interpretação, pela sua obviedade, quando diz: “Lei Complementar 168, art. 7º :  ... é vedada qualquer construção entre o Beira Rio e o Parque Marinha do Brasil”. Aí, vale a Lei, quando é para vetar o nome de Oswaldo Rolla a uma rua de Porto Alegre. Mas, quando é para o sambódromo, quando é para a pista de eventos,  a lei não tem valor. Ora, direi, as leis! É extremamente interessante o que está escrito na Lei, Ver. João Dib, que o Secretário Municipal deve, em audiência pública, trimestralmente,  vir a esta Câmara, abrir as contas do SUS  e dizer onde está o dinheiro e quanto foi, inclusive, podado, amputado das contas hospitalares. Isso é obrigação do Presidente do Conselho Municipal de Saúde, do responsável pelas verbas do SUS, de vir a esta Câmara. Isso está explícito na Lei; isso não precisa de interpretação. Sabem quantas vezes ele veio, até hoje, abrir as contas? Nenhuma. Isso está escrito na Lei, isso não precisa de qualquer tipo de interpretação; é na Câmara Municipal e em audiência pública, trimestralmente. Nunca foi feito. Como aquela lei de 1989, que diz que, a partir de então, os esgotos cloacais teriam cada um a sua  estação de tratamento construída e que,  periodicamente, teríamos nossos recursos hídricos livres dessa verdadeira monstruosidade que faz com nossas fontes de águas de Porto Alegre -  todas elas - estejam contaminadas. Esse amor tão arraigado às leis que faz, por exemplo, Ver. Carlos Garcia, com que o Prefeito vete o Museu dos Esportes ou a Semana dos Jogos dos Excepcionais,  mostra-nos  uma insensibilidade muito grande. Não basta vir a esta tribuna e dizer que vai mandar retirar o veto. Como  diria Vinícius de Morais: "Se é para demolir, para que faz?"  Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D' ÁVILA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aproveitei o período de recesso para ler um pouco. Consegui ler dois livros, de alta envergadura, sobre a história brasileira. Um deles do Jornalista Murilo Melo Filho - "Testemunho Político" - e o outro foi " Memórias do General Geisel". Fiquei estarrecido com algumas questões dos escaninhos dos gabinetes políticos. Inteirei-me mais profundamente sobre a história do Brasil. Também fiquei estarrecido com a matéria da Revista "Isto É", da semana passada, dia  11.02.98, que traz uma reportagem a respeito das Forças Armadas  - "Mea culpa fardado" - sobre um livro do Jornalista  Hélio Contreiras, que se intitula "Militares: confissões - histórias secretas do Brasil". Nesse livro, ele diz que, pela primeira vez, os militares brasileiros de alta patente admitem que erraram e cometeram arbitrariedades durante os mais de 20 anos em que governaram o País, de 1964 a 1985. Essa obra é obrigatória para quem deseja conhecer os segredos de um período recente e ainda obscuro da história brasileira, reúne 40 depoimentos exclusivos de almirantes, generais, brigadeiros e coronéis que participaram do golpe de 1964. Num tom quase psicanalítico, eles condenam o AI-5, a prática da tortura, o excessivo poder do Estado e a corrupção, mal que prometeram acabar e não conseguiram. Mas, sobretudo, fazem eco num ponto: o regime durou tempo demais, quase uma eternidade. O livro tem histórias inéditas como o mirabolante plano do governo do General Emílio Garrastazu Medici de invadir o Uruguai, que seria posto em prática caso os tupamaros (guerrilheiros da extrema esquerda) impedissem a posse do Presidente Juan Maria Bordaberry. “Houve realmente um plano de intervenção do Brasil no Uruguai aprovado no Governo General Médici no início da década de 70. Era preciso evitar o que havia ocorrido em Cuba, que se transformara em pólo comunista”, afirma o Brigadeiro Sérgio Luiz Burger, ex-Chefe do Estado Maior da Aeronáutica. O livro revela ainda que, em 1976, os generais brasileiros estavam preocupados com a ditadura militar do Chile, que perdera o apoio dos americanos, depois do assassinato, em Washington,  do ex-chanceler socialista Orlando Letelier pela polícia política do General Augusto Pinochet. “O governo brasileiro supriu a falta de peças de reposição dos aviões da Força Aérea do Chile. Eu próprio participei de vôos de apoio logístico ao Governo de Augusto Pinochet”, revela o Brigadeiro Márcio Callafange,  ex-Adido da Aeronáutica em Santiago do Chile.

A autocrítica dos militares ouvidos por Contreiras não evita assuntos que, até há pouco tempo, eram tabus nos quartéis. Um exemplo é a prática de tortura que levou à morte opositores do regime militar, como o operário Manoel Fiel Filho e o jornalista Wladimir Herzog, morto em 1975, no DOI-Codi, em São Paulo. “Reconheço que  Herzog foi morto por excesso de violência, culpa do equivocado envolvimento das Forças Armadas na ação policial. Nem no Estado Novo de Getúlio Vargas as Forças Armadas foram colocadas na repressão política” , penitencia-se o General Octávio Costa, ex-assessor do Palácio do Planalto. O General Antônio Carlos de Andrada Serpa, ex-chefe do Departamento de Pessoal do Exército, disse textualmente a Contreiras, antes de morrer, em 1996: “A morte de Wladimir Herzog não me surpreendeu e poderia ter sido evitada”. Em depoimento confirmado depois por seu filho Alípio de Andrada Serpa, o General conta ter alertado o Comando do então Segundo Exército para o fato  de que oficiais mostravam “despreparo” para as funções que exerciam “porque estavam exacerbados ideologicamente”.

Contreiras trouxe a público a conspiração que chegou a ser articulada nos quartéis para tentar evitar a posse de Tancredo Neves em 1985, além de revelar com exclusividade o erro médico que deixou o ex-Presidente João Figueiredo praticamente cego.

Dizia aqui um Vereador ilustre do passado que nada como um dia depois do outro. Pois, agora, para a felicidade geral da Nação, começam a ser levantadas aquelas questões que eram nominadas por brasileiros ilustres, há pouco tempo, e consideradas atitudes contra o Exército, contra o poder fardado no Brasil. Nada mais falso do que isso, porque, na verdade, nós queremos preservar as Forças Armadas dentro daquilo que é o seu binômio principal: a disciplina e a hierarquia. O que nós não queremos que se repita é o que os Generais, os Brigadeiros e os Coronéis estão dizendo para Contreiras - e eu estou louco para ler este livro - que nem no tempo da ditadura de Vargas, que ficou na história quando entregou a mulher de Prestes à ditadura nazista como o mais transtornado erro político da história. Nem na ditadura de Vargas o exército brasileiro esteve a serviço da tortura como nos famigerados anos que enegreceram a história do Brasil, aquilo que se denominou a Revolução de 64. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra  para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, eu vou fazer a leitura de um artigo que eu escrevi  no mês de janeiro - aquilo que nós levantávamos aconteceu ontem - que é relativo ao Centro Estadual de Treinamento Esportivo. (Lê.)

“O CETE  e a Vila Olímpica”

“Neste ano, o Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), antigo DED, estará completando 25 anos.

Milhares de pessoas (crianças, jovens e adultos), tiveram naquele local a oportunidade de praticar algum esporte ou alguma atividade física. O CETE sempre foi o celeiro do desporto estudantil do nosso Estado, pois os melhores atletas lá sempre tiveram guarida.

Vários atletas de alto nível, inclusive com passagem pela Seleção Brasileira e alguns com participação em Universíade e Olimpíada.

No voleibol, destacaram-se Paulo Roese, Marcos Vinícius, Gilson e outros.

No judô, Rosimeri Salvador Fraga.

Na ginástica olímpica, Evelise Filippon.

No atletismo, Jorge Texeira, Marcelo Palma, Leonardo Ribas, Ubiratan Fernandes, Saulo Santos, Felipe Garcia, Fernando Gonzales, Luiz Felipe Santos e outros.

Na ginástica rítmica Desportiva (GRD), podemos dizer que o CETE foi decisivo para colocar essa modalidade desportiva em nosso Estado. E, hoje, somos uma das maiores forças em nível nacional. Podemos destacar a Professora Vera Angheben como pioneira, introduzindo a GRD em nosso Estado, e destacamos Nize Tomazi, Michelle Guiramand, Evelise Pinto e Simone Soares.

O Governo do Estado” - e aqui, encareço ao Líder do PMDB, Ver. Fernando Záchia - “prometeu a construção da Vila Olímpica, e hoje a Pista de Atletismo está sendo concluída. Gostaríamos de saber quando o Ginásio de Esportes, que abrigou tantos atletas de nível internacional, voltará a funcionar; o mesmo está desativado desde 1994. O Ginásio de judô e musculação está sem uso desde 1996.

Acredito que a Vila Olímpica realmente será um marco importante, mas convém lembrar que esse complexo sempre teve três ginásios esportivos, uma pista atlética e alojamentos para 80 pessoas. Estamos preocupados pois está terminando o mandato do Governo e, durante todo esse período, os treinos de voleibol, basquetebol e outras modalidades não foram mais ministrados. A comunidade do CETE espera que, antes de se realizarem novas obras, sejam resgatados novamente e devolvam à população os dois ginásios de esportes que hoje estão interditados. O CETE já abrigou mais de três mil alunos por mês e, hoje, possui aproximadamente 200 inscritos.

Queremos fazer justiça: o atual Governo tem procurado investir em esporte, mas gostaríamos que fossem revistas algumas prioridades. Quem sabe até o final do ano poderemos dizer que o Ginásio de voleibol e o de judô estão recuperados? Teremos novamente o retorno de milhares de crianças praticando esportes com o que há de melhor no Estado, tanto em instalações como em capacidade técnica de seus profissionais”.

Isto eu escrevi para um jornal, no mês de janeiro. E ontem, por volta de 18 horas, fomos surpreendidos com a notícia de que o pavilhão de judô caiu. Caiu! Então, estamos solicitando, o quanto antes, que o Governo do Estado faça uma licitação urgente. Consideramos que o que está ocorrendo no CETE é desperdício do dinheiro público. Uma obra ficar parada por quatro anos, sem uso. Gostaríamos que os Srs. Vereadores constatassem , "in loco", a realidade daquele local que hoje virou depósito. Com a queda desse ginásio, não sabemos como ficarão as atividades a partir de março. E lá funciona ainda a Escola Estadual de 1º Grau Mané Garrincha. Fazemos este pedido - e gostaríamos que o Ver. Fernando Záchia fosse o nosso porta-voz - para que o Governo do Estado faça uma licitação, o quanto antes. Queremos uma resposta rápida, porque lá funciona uma escola, e, a partir de março, as modalidades de ginástica rítmica ainda irão funcionar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Casa restabelece hoje a sua normalidade, na medida em que a 2ª Sessão Legislativa Ordinária da XII Legislatura se instala plenamente.

Desde logo, quase que a empanar o brilho festivo e democrático da reabertura dos trabalhos - brilho este que faz com que várias pessoas venham assistir à nossa Sessão, até mesmo o jovem Lucas, que hoje nos dá a alegria da sua presença - vemos o mais claro sintoma da dissintonia entre a vontade política desta Casa e o Executivo Municipal: essa série infindável de vetos, 11 ou 12, com os quais já estamos a conviver no primeiro dia de trabalho.

O próprio Sr. Prefeito Municipal, quando saudou a Casa, fez referência ao mais polêmico, o que envolve a figura do saudoso Oswaldo Rolla.

Estamos a festejar um título absolutamente indesejável. Estamos sendo transformados, no dia de hoje, nos recordistas de projetos vetados pelo Executivo Municipal.

São vetados: o nosso Projeto que dispõe sobre os pontos de estacionamento para veículos escolares na frente das escolas, nos horários de entrada e saída; o Projeto que proíbe as lutas de vale-tudo, em todas suas modalidades, no município de Porto Alegre; o Projeto que institui linhas especiais de serviços de lotação com os terminais nos bairros Restinga e Parque dos Maias; e o Projeto que dispõe sobre a prevenção do uso de recuo e de passeio público fronteiro a bares, restaurantes, lanchonetes e assemelhados para a colocação de toldos, mesas e cadeiras.

São quatro Projetos bem distintos, todos aprovados, senão pela unanimidade desta Casa, mas por sua grande maioria, que foram objetos de veto e são, obviamente, motivo da nossa preocupação e ocupação.

A ilustre Vera. Maria do Rosário, Líder do Partido dos Trabalhadores, há mais dias manifesta a intenção de abrir o diálogo a respeito desses vetos. Diálogo esse que já foi até anunciado pela imprensa da Cidade e que, com toda a certeza, se instalará esta semana, senão no dia de hoje, dependendo do horário que terminar a sessão.

Eu gostaria de acrescentar a tudo isso um equívoco do Município, que me parece fruto do descuido e do qual esta Casa, de certa forma, teve participação. Nós obtivemos, por unanimidade, a aprovação, no ano passado, de um Projeto de Lei que denominava uma avenida, no bairro Restinga, de Av. Milton Pozolo de Oliveira. Esse Projeto tramitou, foi aprovado por unanimidade e sancionado pelo Sr. Prefeito Municipal. Mas, num descuido da Câmara Municipal, quinze ou vinte dias depois, o Executivo sancionou um outro Projeto denominando a mesma rua com o nome de outra ilustre pessoa deste País, cujo nome eu não vou citar. Isso me parece absolutamente ilegal, nula de pleno direito, e eu gostaria de não tornar público o nome do homenageado, que é um homem de destaque nacional e que, certa e justificadamente, mereceu a indicação que gerou a dupla denominação. Ora, uma rua que em novembro ou dezembro recebeu o nome de Milton Pozolo de Oliveira, menos de trinta dias depois, foi sancionada uma lei dando outro nome a essa mesma rua.

Faço esse alerta aos ilustres integrantes da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que estão anunciando a sua disposição de diálogo, o que aceito de antemão, pois sou um homem de diálogo.

Eu gostaria de contribuir para que algumas situações grotescas possam ser resolvidas sem maiores espalhafatos, que só serviriam para atrapalhar uma solução de bom senso.  Por isso, espero que tanto essa situação que relatei e tantas outras que estão em discussão, em face ao grande número de vetos que estão na Casa, possam ser resolvidas através do diálogo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queremos fazer a nossa saudação, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, e dizer que o Ver. Reginaldo Pujol já nos antecedeu e anunciou o que, de pronto, deverá ser a nossa atitude permanente durante o ano de 1998, assim como já as Lideranças desta Casa e todos os Vereadores nos conhecem. 

O diálogo é a pedra de toque do nosso relacionamento. A certeza de que a democracia e o parlamento se estabelecem, justamente, a partir de debates de  posições duramente,  muitas vezes, com firmeza, muitas vezes, mas, também, com a flexibilidade e a possibilidade de, principalmente, termos como norte o interesse público, o interesse da Cidade.

Assim como observamos, Srs. Vereadores, no reinício dos trabalhos tivemos a presença do Sr. Prefeito Municipal, do Sr. Vice-Prefeito e, praticamente, da maioria dos Srs. Secretários Municipais, justamente, trazendo a esta Casa a disposição permanente de um relacionamento, compreendendo a contribuição de cada Vereador no âmbito de seu trabalho legislativo; mas, também, na ação fiscalizadora que faz sobre o Executivo, como desafio permanente para que o trabalho de nossa Administração Municipal seja ainda melhor. A posição e a postura de cada um dos Senhores Vereadores e Vereadores desta Casa nos desafia nos desafia como administração, em particular, como Bancada, a sermos sempre melhores, a termos agilidade nas respostas, enfim, a nos pautarmos  pelo interesse público.

Sem dúvida, a esta Casa, chegaram vetos a vários Projetos dos Srs. Vereadores. Quero destacar, além da disposição plena para o diálogo, que faremos um debate franco em torno de cada uma das proposições, que não existe qualquer ação de intransigência e de não-entendimento do Poder Executivo ou da nossa Bancada. Ao contrário, o Sr. Prefeito Municipal, na vinda a este Parlamento, desta tribuna, declarou os critérios absolutamente técnicos que levaram o Executivo a vetar a mudança  do nome da Av. Cascatinha  para Av. Oswaldo Rolla. Critérios técnicos esses determinados a partir de legislação votada nesta Casa. Esta Casa, em tempos anteriores, votou a modificação do nome de um bairro para bairro Iguatemi.

Quero lembrar a V.Exas. que nós mesmos atuamos no sentido de revertermos aquela  medida pelo posicionamento da população. O Veto do Sr. Prefeito veio  no sentido do zelo, da  garantia de que o processo cumpra a legislação a partir da perspectiva de um plebiscito para a mudança do nome de rua. Os Srs. Vereadores concordam que nós não devemos incentivar  a mudança do nome de ruas, traz uma série de problemas permanentes. Mas, também, a sensibilidade do Prefeito que ficou estabelecida,  e do Governo Municipal, na medida em que aqui apresentou as razões do Veto.

A determinação acordada, trabalhada a partir da nossa Bancada, das diferentes  Bancadas desta Casa, e da própria sociedade, é no sentido de que venhamos  votar contrariamente ao Veto, com conhecimento do Poder Executivo, no sentido de que possamos ter a Av. Oswaldo Rolla  como uma homenagem garantida e merecida àquele cidadão querido por todos nós. 

Quero dizer aos Srs. Vereadores que esta será a nossa disposição em torno de cada uma das proposições: disposição para o diálogo. O nosso trabalho, como Câmara Municipal, deverá, sem dúvida, pautar-se pelas questões do Município,  entendendo o sofrimento da nossa gente.

 Não nos relacionamos com a Câmara Municipal como o Governo Federal  se relaciona com a Câmara dos Deputados; não nos relacionamos com a Câmara Municipal, como Executivo Estadual do Governo Brito se relaciona com a Assembléia Legislativa. Esses governos têm pisado sobre o Parlamento. No entanto, a Administração Municipal de Porto Alegre tem o zelo e o cuidado de debater cada projeto  com a maior transparência e sem nenhuma pressa.

Este será o ano da votação do Plano Diretor. Este será o ano em que conseguiremos firmar, num nível maior, uma política de alianças que una, de fato, um bloco democrático e popular, não somente a partir desta Casa, mas na própria sociedade, entre os partidos democráticos: o PT, o PDT, o PSB, o PC do B, o PPS, o PCB. E faremos o contraponto político ao projeto neoliberal em nome dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros, afirmando uma sociedade que pode ser justa, e que será justa, a partir da Frente Democrática e Popular que estamos formando neste País. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM   DO  DIA

 

Não havendo projetos na Ordem do Dia, passamos aos Requerimentos.

Requerimento nº 30/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que requer uma Moção de Repúdio ao Congresso Nacional e ao Governo Federal pela aprovação da Reforma da Previdência e da Reforma Administrativa. Em votação.

 

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente. Sras. e  Srs. Vereadores,  esta Casa não poderia deixar passar no esquecimento mais este ato que, no nosso entendimento, é mais uma grande perda para a Nação Brasileira: a Reforma da Previdência e a aprovação, em primeira votação, da Reforma Administrativa no Congresso Nacional.

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre tem, sim, que manifestar o seu repúdio, porque essas duas reformas demostram qual é o objetivo deste Governo: tirar o direito dos trabalhadores cada vez mais, limitando, sim, as suas condições de sobrevivência.

A Reforma da Previdência não vem tratar dos verdadeiros problemas da previdência. Pelo contrário, está aí um conjunto de processos administrativos para ser investigado.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Nobre Presidente, imagino que o propositor desta Moção de Repúdio tenha colocado a proposta do Governo e a proposta que foi aprovada pelo Congresso Nacional, para que estabeleçamos se são nos mesmos termos. Até porque, quando eu propus uma moção de repúdio a uma declaração que eu ouvi, a minha palavra foi colocada em dúvida. Portanto, gostaria que tivesse documento que o texto é o mesmo da mensagem presidencial e do aprovado pelo Congresso Nacional.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, a nossa intenção é fazer debate com esta Casa de matéria que foi amplamente veiculada nos jornais e televisão, com certeza, todos os trinta e três Vereadores desta Casa estão muito bem esclarecidos do conteúdo do que foi aprovado, tanto em relação à reforma da Previdência como da Reforma Administrativa. Portanto, nós seguimos a nossa lógica de dizer que da mesma forma como esta Casa repudiou a aprovação, no Congresso Nacional, do contrato temporário de trabalho - no recesso, na representativa - porque também é um ato contra os trabalhadores  deste País, esta Casa tem que repudiar este ato do Governo Federal e da maioria do Congresso Nacional, que mais uma vez não ouve a voz dos trabalhadores, ouve a voz de uma elite com um projeto ultrapassado. O projeto neoliberal é totalmente ultrapassado, não tem nada de novo, é muito velho, só leva os trabalhadores ao desemprego, só leva milhões e milhões de famílias à miséria.

Portanto, a nossa  Moção de Repúdio vem no sentido de demarcar, sim, de mostrar para os trabalhadores de Porto Alegre que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre está atenta. A Reforma da Previdência em nada vem resolver os problemas da Previdência, que são muitos e precisam ser encarados. Há um conjunto de processos administrativos, de denúncias, a serem apurados para se chegar a um conjunto de tratativas junto à Previdência, e essas questões não são encaminhadas. Há necessidade, sim, de se repensar o Estado, mas isso não é encaminhado; o que é encaminhado são propostas tanto da Previdência como da Reforma Administrativa, que cada vez mais diminuem os direitos dos trabalhadores aprovados na Constituição de 88.

A Câmara de Porto Alegre sempre deu sinais e demonstra estar ao lados dos trabalhadores. Não é nesse momento que nós vamos ficar calados, diante de mais este ato do Governo Federal, que vira as costas para os trabalhadores, vira as costas para a Nação que está na miséria, que está no desemprego e que  continua a caminhar, a ouvir o canto da dita sereia do neoliberalismo, que nada está trazendo para o nosso País. O neoliberalismo, o projeto, se não queremos chamar de neoliberalismo chamemos  “do projeto do Presidente Fernando Henrique” que, com esse conjunto de reformas, só está trazendo miséria, só esta trazendo desemprego, só está trazendo cada vez mais falta de recursos, falta de recursos na área da saúde e na área da educação. Nós fizemos esse debate aqui dentro; quando discutimos nós também repudiamos a venda da Vale do Rio Doce  para sobrar dinheiro para a educação e para a saúde. O orçamento de 1998, na área da saúde, tem 11 bilhões a menos, do Governo Federal. Mas onde é que está o dinheiro da venda do Vale do Rio Doce? Não era para a saúde, não era para a educação, essas áreas prioritárias do Governo do Presidente Fernando Henrique? Esse dinheiro não está sendo destinado para lá. Está sendo destinado para onde? Para o PROER, para o Programa, esse que salva banco privado, é para esses lugares que está indo o dinheiro da venda das estatais. É por isso que nós temos que defender, sim, o Brasil e a Constituição, e ser contra essas reformas que são contra os trabalhadores. Por isso, vamos aprovar esta Moção de Repúdio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para responder a Questão de Ordem do Ver. João Dib, nós informamos ao Vereador, que no processo não consta nenhum documento que possa embasar a Moção.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que faz um ano eleitoral, hein? Que beleza! Pois é fantástico o desenvolvimento hercúleo das circunvoluções do Ver. Renato Guimarães, nesta ginástica cerebral que ele faz de ligar, assim como faz o candidato potencial a Governador, hoje, no “Jornal do Comércio”, chamando Fernando Henrique Cardoso de "O Caixeiro Viajante". Logo quem!

O Presidente Fernando Henrique Cardoso foi à Inglaterra, representou o Brasil com altaneira, com dignidade, foi chamado de "Mister Clean", no sentido de limpeza, de postura, de erudição. E, agora, o populismo demagógico se põe contra uma das atitudes mais indispensáveis deste País, que é a Reforma Administrativa e a Reforma da Previdência. E  o que é pior, ainda  pede uma Moção de  Repúdio, primeiro, abastardando as moções, segundo, colocando-se contra o Congresso Nacional, o Congresso  não é a proposta aprovada, mas lá é a representação da sociedade brasileira, como aqui é representação da sociedade porto-alegrense.

E o Ver. Renato Guimarães se esquece - que memória curta tem o Vereador - apesar do seu brilhantismo pessoal, ele peca pela memória curta, ele se esquece que o Prefeito propôs o aumento dos transportes municipais, desnecessariamente; propôs o escorchante aumento do IPTU, desnecessariamente. Vocês verão que a Prefeitura de 1998 vai viver muito bem, obrigado.

E quando as receitas aumentam, por força de lei federal, como é o Código do Trânsito Brasileiro, e que as multas vão dar um significativo aporte de dinheiro à Prefeitura este ano, eles ficam quietos, não dizem nada, o Orçamento deles não muda. E aí fica muito interessante esquecer, Ver. Renato Guimarães, que esta Reforma de Estado não é uma reforma de Estado brasileiro, é universal, que este movimento não é um fenômeno brasileiro, é universal, independe da vontade dos brasileiros.

E a forma de independência seria, também, tratar da forma menos grosseira possível os problemas da Cidade de Porto Alegre. E aí, pedir moções de repúdio a determinados tipos de invasão, a determinadas posturas - inclusive, que beiram o ridículo, muitas vezes - de mandatários públicos, que em vez de se retratarem publicamente e pedir desculpas à nossa população, e para a família das pessoas ofendidas, o faz de uma forma sutil, mandando fazer, usando a Bancada do PT para corrigir uma falha grave, administrativa. E isso não faz pasmo para o Ver. Renato Guimarães. E não faz, pelo menos, um exame de consciência, uma olhada para dentro de si mesmo, como representação, como Bancada e como partido, e dizer que muitas vezes - pasmem os céus - os comandantes do PT podem errar. E muitas vezes, até muito acima da média, a onipotência tem comandado o raciocínio, a onipotência, Ver. Renato Guimarães, assim como o complexo de culpa que V. Exa. viu aqui na tribuna hoje, é um dos piores conselheiros que se pode ter. Por isso digo, Moção de Repúdio para a Reforma da Previdência, para a Reforma Administrativa, as duas indispensáveis para o Brasil?  Moção de Repúdio vai ser também "celebrada" quando pedirem aumento das tarifas municipais, desnecessariamente; quando pedirem aumento do IPTU, o que envergonhou a própria Bancada do PT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, deliberadamente solicitei o Processo para reler, Ver. Pedro Américo, a Ementa desta Moção. Lamentavelmente, confirmo que meus ouvidos, atingidos pelo sistema de som ainda em fase de regulagem, não se enganaram quando ouviram que a pretensão do Ver. Renato Guimarães é um repúdio ao Congresso Nacional e ao Governo Federal pela aprovação da reforma da Previdência e da Reforma Administrativa.

Ora, Sr. Presidente, nós estamos diante de uma situação singular em que um órgão legislativo busca uma manifestação de repúdio a um congênere, ao Parlamento Brasileiro, ao Congresso Nacional porque ele tomou decisões. Nisso eu vejo um avanço enorme neste País, neste País em que as casas legislativas, durante longo tempo, se caracterizaram por não decidir. Agora elas decidem, e aqueles que se sentem contrariados pela decisão querem repudiar esse ato. Isso equivale a raciocinar que, provavelmente, o Ver. Renato Guimarães esteja com vontade de que retorne o período de imobilismo do Congresso Nacional, quando as coisas se arrastavam, anos a fio, sem nenhum tipo de decisão. Ao contrário, nós não podemos querer ter, se democratas somos, casas legislativas que decidam sempre de acordo com as nossas posições pessoais, entendendo que só é acerto decidir de acordo com as nossas posições pessoais.

Ora, Ver. Pedro Ruas, nós sabemos que, nessa matéria, V. Exa. tem, seguramente, posição formada contrária ao que foi decidido, mas nós duvidamos que V. Exa. entenda que seja de repudiar decisões pela simples razão de que elas não estejam de acordo com a sua posição, de acordo com o seu ponto de vista, de acordo com o seu entendimento pessoal sobre a matéria.

Eu nem vou discutir o mérito da Reforma da Previdência. Eu ouvia todos dizerem que era necessário terminar com alguns privilégios, acertar algumas contas, mas, tecnicamente, isso não foi bem colocado. Eu poderia, hoje, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito à vontade, me esconder na capa tranqüila daquele que tem a possibilidade de dizer que o Deputado que ele escolheu foi ao Congresso Nacional e, coerente com posições que defendeu anteriormente, votou contra. Eu penso que o meu Deputado se equivocou, tanto que já não está no meu Partido. Mas, mesmo que ele estivesse no meu Partido e houvesse mantido essa posição, o fato de a posição ter sido derrotada, do Dep. Jair Soares, ou do Partido dos Trabalhadores, ou do Dep. Jarbas Lima, ou do Dep. Adilson Motta, ilustres gaúchos que entenderam diferente, não me autoriza a repudiar a decisão do Congresso Nacional.

Eu lembro que quando o falecido Ulisses Guimarães falava dessa Constituição que se está reformando agora, ele dizia, com muita propriedade, que nós podemos divergir da Constituição, mas nunca desrespeitá-la. Então, quem diverge de uma Constituição, quem acha que ela está equivocada, busca corrigi-la com seus pontos de vista, e quem entende que uma Constituição, que assegurava uma série de privilégios, deva ser mantida, deve buscar convencer o seu ponto de vista. No caso, a posição em que me perfilo, mais proximamente, logrou vitoriosa, e nem por isso autoriza àqueles, que foram desconsiderados na sua posição pessoal, a pedir um repúdio ao Congresso Nacional. Eu não fui buscar um repúdio ao Congresso Constituinte, que votou uma Constituição que, ao meu entendimento, não poderia prosperar, porque era mais uma carta de instrução do que um documento constitucional.

Então, Sr. Presidente, não preciso, em alto e bom tom, dizer, com toda a clareza, que sou contra esse Voto de Repúdio. Isso, na linguagem popular, seria o mesmo que "cuspir para cima". Toda vez em que se desmobiliza e desmoraliza o Congresso como instituição, nós contribuímos para que aqueles que querem que ele não funcione se sintam robustecidos nas suas posições. Acredito que nem o autor esteja, conscientemente, nessa linha do "fecha Congresso". Eu não vou, com o meu voto, com o meu aplauso, com a minha concordância contribuir para enfraquecer a maior das instituições nacionais, que é o Congresso Nacional, que tem que ser mantido com as suas imperfeições, com as suas incorreções; votando, hoje, de acordo com a minha posição e, amanhã, quem sabe, contrário à minha posição, mas votando sempre, e não se omitindo. Decisão do Congresso Nacional não se repudia; podemos com ela nos inconformar, buscar reformar, mas nunca repudiar.

Por isso, não; três vezes não à proposição político-eleitoral do Ver. Renato Guimarães. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de requerer a alteração no texto da Moção de Repúdio, da expressão "repúdio ao Congresso Nacional", por "repúdio ao Projeto de Reforma da Previdência e de Reforma Administrativa", atendendo aos encaminhamentos feitos.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito, então, que V. Exa. faça a alteração no Processo.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, se houver uma emenda terá que se reabrir a discussão, porque o centro do meu pronunciamento foi o repúdio ao Congresso Nacional. Agora, se deixarmos de repudiar o Congresso Nacional, também iremos revisar a nossa posição.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Esta alteração a que procede agora o Ver. Renato Guimarães faz com que parte, e apenas parte, do meu pronunciamento seja modificado. Chamado que fui ao debate, e mesmo que não o fosse viria a esta tribuna, mas me deu a honra o Ver. Reginaldo Pujol de fazer referência ao meu nome. E quero dizer a V.Exa., Sr. Presidente, aos Vereadores desta Casa, em especial ao Ver. Renato Guimarães e ao Ver. Reginaldo Pujol, porque também não concordo com o repúdio ao Congresso Nacional, mas, se não fosse alterada a Moção, e acho importante que o seja, seria essa a crítica que faria, votaria a favor pelo seu mérito.  E quero dizer, Ver. Reginaldo Pujol, que V.Exa. como democrata que é, expõe um dos conceitos de democracia mais importantes, qual seja, o do prestigiamento aos símbolos maiores da nossa democracia, entre os quais se inclui o Congresso Nacional. Mas eu proponho a V.Exa e aos demais Pares uma reflexão sobre conceitos de democracia, entre os quais se inclui o de termos também, de forma democrática, a possibilidade de criticar a nós mesmos, as nossas instituições sobre o que acaba de decidir o Congresso Nacional. É óbvio que a posição mais correta é a  que agora expõe o Ver. Renato Guimarães, o repúdio ao projeto, Ver. Pedro Américo Leal, é o mais correto. É um  direito nosso, sim, e está dentro, Ver. Reginaldo Pujol, de um conceito também amplo de democracia a possibilidade de críticas a qualquer decisão, assim como podemos ter do Congresso Nacional críticas à posição da Câmara. Podemos, sim, ter e isso não fere a democracia. É, na verdade, um conceito ampliado, mas não fere fundamentalmente a democracia, talvez até, permito-me dizer, a aperfeiçoe, posto que o Congresso Nacional, em relação aos projetos que vota, fica conhecendo a posição das Câmaras Municipais. Não seria o mais adequado, mas corrigiu em boa hora o Ver. Renato Guimarães, alertado pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Cláudio Sebenelo; mas, com certeza, essa mudança faz com que tenhamos maior tranqüilidade na votação de uma moção, que é importante.

Em cada momento da vida nacional em que pudermos, através de moções, através de manifestações, colocar a nossa posição, é importante que o façamos. Nunca afirmei que isso deve ter prioridade em relação às questões municipais; mas, sempre afirmei, e o faço novamente nesta tribuna, que temos também a obrigação da preocupação nacional, como temos a preocupação regional e a obrigação fundamental da questão municipal.

Nós somos militantes de partidos políticos que têm atuação nacional e, por isso temos, também, a obrigação de manifestações e de preocupações de caráter nacional quanto às posições dos partidos representados no Congresso Nacional.

A reforma da Previdência, votada recentemente, sem dúvida, é um acinte ao bom-senso e a tudo aquilo que nós entendemos como garantia dos direitos dos trabalhadores. E é importante, portanto, que nós tenhamos a coragem de estabelecer uma moção de repúdio àquele Projeto. Eu não entenderia, mesmo que não fosse modificado, que isso fosse um repúdio ao Congresso Nacional, era uma questão de redação, respeitosamente, Ver. Renato Guimarães, na minha opinião, mal-colocada; corrigida, é irretocável.

Eu concluo, Sr. Presidente, pedindo que se vote, porque é importante que os munícipes de Porto Alegre saibam que na Câmara Municipal tivemos um momento de reflexão e de censura a esse Projeto, que tanto prejudica a todos os trabalhadores do nosso País.

Portanto, o encaminhamento é favorável à aprovação da Moção do Ver. Renato Guimarães. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente  e Srs. Vereadores, vivendo e aprendendo, vejo aqui uma Moção de Repúdio rabiscada. Rabiscada sim, não devo usar outra expressão, porque se foi  mal escrita, mal pensada, deveria ter sido retirada e redigida novamente. É um desrespeito. É claro que fiz uma Questão de Ordem para lembrar que os Vereadores desta Casa,  não sei quais, foram chamados de corruptos. "Muitos dos Vereadores da Câmara Municipal são corruptos", dizia a insensata Deputada. E a Bancada do PT, por unanimidade, votou contra o repúdio à expressão.  Eu gostaria que o Partido dos Trabalhadores fizesse uma Conferência  para explicar o que é neoliberalismo. Vindo desse Partido eu não aprovo nada, porque eu não acredito em nada do que eles dizem. Eu trouxe a fita aqui, foi degravada, levada ao ar, e, ainda assim, votaram contra. O Partido dos Trabalhadores, que só tem o nome, quando quer  falar dos trabalhadores do Brasil tem que lembrar dos trabalhadores da Prefeitura. Em julho de 1991, o Dr. Olívio Dutra fez uma Lei e  tomou o dinheiro dos municipários conquistado em  junho. A Lei retroagiu para tomar o dinheiro dos municipários. O Dr. Olívio esqueceu que o salário dele também deveria diminuir como diminuiu o salário dos municipários.  Eu fiz ele devolver.

Em maio de 1995,  o Dr. Tarso Genro, advogado trabalhista do Partido dos Trabalhadores, fez retroagir uma liminar e tomou o dinheiro dos municipários. Dinheiro conquistado, legalmente, no dia 30 de abril por uma Lei feita pelo Partido dos Trabalhadores, que avisou: “Não mudem uma vírgula, porque, se mudarem, nós vetaremos toda a Lei”. Então, a Câmara aprovou como veio: “Ação direta de inconstitucionalidade”, conseguindo liminar. O que o Prefeito fez? Retroagiu a liminar e tomou o dinheiro ganho em trinta de abril, que era de onze por cento, e ele pagou três vírgula dois. O Prefeito não acredita muito em liminares,  quando contra eles. O que fez então o Prefeito quando a liminar caiu? Disse que ainda havia recurso. Mas ele tomou o dinheiro dos trabalhadores da Prefeitura com uma liminar. Perdeu e continuou tomando o dinheiro dos trabalhadores da Prefeitura. O Partido dos Trabalhadores! Quando os trabalhadores são da Prefeitura de Porto Alegre o trato é um, mas quando são do Governo Federal  ou outros trabalhadores do Brasil ou de quem quer que seja, a questão é completamente diferente. Não ouvi  moção de repúdio ao mau  procedimento dos dois Prefeitos que retroagiram a Lei para tomar dinheiro dos municipários, que também são trabalhadores, não são diferentes dos outros trabalhadores.

Então, não vejo autoridade moral para criticar o Congresso Nacional, o Governo Federal ou outros. Quem toma o dinheiro de um, não pode criticar o outro que talvez tenha tomado algumas vantagens, mas que pelo menos tinha uma idéia de acertar as coisas. Mas aqui não, aqui o fato foi claro, flagrante, sem dúvida: tomaram o dinheiro dos municipários. São os mesmos que fazem centenas de cartas-contrato - que também são ilegais - e não vejo nenhuma moção de repúdio ao desrespeito à Lei. Sempre voto contra as moções de repúdio a pessoas, ou entidades. A única vez que fiz uma Moção de Repúdio foi a uma declaração  que envolvia os Vereadores desta Casa, e perdi por sete a seis. A Bancada do PT constituiu sete; uma exceção que foi a Bancada do PSB. Então, não vejo por que votar moções de repúdio, discutir moções de repúdio. Precisa ter autoridade moral, precisa não ter tomado o dinheiro dos municipários.

O Montepio faz empréstimo  aos municipários, e sabem a que horas começa a fila,  sendo que o Montepio abre seu expediente ao meio-dia? Às onze horas da noite do dia anterior. E a Prefeitura tem superávit, remaneja dinheiro e faz tudo que quer. Ninguém faz moção de repúdio, nem eu vou fazer. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

  O SR. PRESIDENTE: Assiste razão ao Ver. Reginaldo Pujol e ao Ver. João Dib quando eles tecem comentários a respeito das alterações feitas no texto do Requerimento. Se houver unanimidade da Casa, nós poderemos permitir que o autor do Requerimento possa fazer alterações, porque isso já aconteceu outras vezes em outros Requerimentos votados pela Casa. Mas, se algum Vereador da Casa se opuser, nós, imediatamente, vamos fazer com que o texto original seja aquele a ser colocado em votação. Então, eu pediria, por favor, se algum Vereador tem algum tipo de contrariedade, que se manifestasse pela contrariedade, porque nós colocaríamos o texto, hoje, para ser votado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós já fizemos inúmeras modificações de texto, em outros anos, no período de discussão, sem precisar da concordância ou da unanimidade do Plenário. O autor, ao acatar sugestão de outros Vereadores, incorporou a sugestão e nós votamos o texto alterado, sem precisar desta unanimidade. Nós mudaríamos este procedimento?

 

O SR. PRESIDENTE: Nós precisamos, Ver. Gerson Almeida, em primeiro lugar, nos ligar ao Regimento da Casa. O Regimento impossibilitaria qualquer tipo de alteração. A alteração só pode ser feita com a aquiescência do Plenário. É melhor que essas alterações, quando feitas, sejam realizadas com a unanimidade. Se nós agirmos assim para todos os Requerimentos que serão apresentados na Casa, eu acredito que nós estaremos fazendo justiça e não estaremos ferindo, assim, o nosso Regimento Interno, porque teremos que segui-lo.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Eu não quero polemizar com V.Exa. No entanto, a anuência da Casa vai ser consagrada ou não na votação do Requerimento do Ver. Renato Guimarães.

 

O SR. PRESIDENTE: Isso significa que, quando nós fizermos um Requerimento, nós precisaremos estudar bem o texto, porque,  no momento da votação, ele é passível de ser alterado, se houver unanimidade de todos os Vereadores da Casa, pelo menos daqueles que estiverem presentes. Eu acredito que é um critério justo e que não vai ferir nenhuma das Bancadas e nenhuma das ideologias que estão aqui compondo este Plenário.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): V.Exa. abriu uma exceção, se não me engano, para que os Vereadores que estivessem contrariados com esta Moção apresentassem as suas razões. Eu entendi assim, pelo menos, e considero muito importante este momento, porque nós vamos repudiar uma decisão do Congresso Nacional.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, não abrimos espaços para justificativas. Eu disse que qualquer Vereador que estivesse contrário às alterações propostas pelo Vereador autor poderiam se manifestar. Se há oposição, peço, por favor, que essas oposições se manifestem, porque aí manteremos o texto original para ser votado.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Então eu entendi mal, porque, veja V. Exa., se um Poder começa a criticar o ápice do Poder, se um juiz começa a criticar o Supremo, onde é que vamos parar? Eu estou de acordo com várias razões daquele Requerimento, mas penso que não temos o direito de criticar.

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vereador. Então, V. Exa. é contrário às alterações propostas no texto?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu sou contrário à Moção. Eu não sei quais são as alterações que o Vereador deseja fazer. É muito melindrosa a situação da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI (Questão de Ordem): Nós somos contrários, Sr. Presidente, a essa alteração, porque estaríamos ferindo o nosso Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, o texto da proposição de V. Exa., do seu Requerimento, vai ser colocado em votação exatamente da maneira como foi entregue no Plenário para ser votado.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esta Questão de Ordem é embasada exatamente no andamento dos trabalhos e é feita em apoio à Mesa. Fomos os primeiros a levantar a falta de regularidade na alteração do Requerimento, ao curso do encaminhamento, depois que as razões já haviam sido expostas. Inobstante, Sr. Presidente, penso que a situação é tão grave; estamos diante da eminência de que a Casa possa se manifestar contra - repudiar - o Congresso Nacional. E eu penso que isso é tão grave que eu quero dizer a V. Exa. - e em qualquer das hipóteses eu votarei contra -  que até admito um arranhão no Regimento, diante de um objetivo maior, reduzindo a agressão que se fará ao órgão máximo dos legisladores brasileiros que é o Parlamento Nacional. Então, eu apelaria aos demais companheiros de oposição que nós transijamos neste particular e permitamos que haja esse arranhão no Regimento até para salvar alguma coisa nesse delírio que o repúdio ao Congresso Nacional.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de saber se já terminou o período de encaminhamento?

 

O SR. PRESIDENTE: Não, Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Então, o problema é que o autor quer modificar o texto?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, o autor sugeriu a modificação do texto. Essa alteração só será possível se houver a unanimidade do Plenário. Essa é uma decisão da Presidência.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, já se viu que não há unanimidade no Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE: Exatamente, Vereador, prosseguem os encaminhamentos.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELLO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito ao Ver. Renato Guimarães que tenha a sensibilidade de retirar a Moção e fazer uma nova, para que não seja tratado de forma grosseira o Congresso Nacional e, mais do que isso, que essa atitude não acabe abastardando as moções e, principalmente, ofendendo o Congresso Nacional.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito aos Srs. Vereadores que não entrem no mérito da questão. Peço que sejam debatidas somente as questões regimentais.

  

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sugiro, em função de que V.Exa. está à luz do Regimento, alterando uma praxe que até então tínhamos, e para a nossa Bancada não há questionamento em relação a isso, que nós estabeleçamos o seguinte procedimento para a votação: votemos esse Requerimento à luz da regra que estava vigente para todos os Partidos, e estabeleçamos um procedimento, a partir deste momento,  para que não haja  prejuízo do Requerimento em questão.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, coloco uma  Questão de Ordem que há de colocar ordem na questão. Eu disse no meu  pronunciamento que eram rabiscos na Moção de Repúdio, mas permanece a justificativa. A justificativa, ainda que ele tenha retirado da Moção o Congresso Nacional,  diz assim: "Outro aspecto que muito nos preocupa é a postura  coronelística  dos dirigentes do Congresso Nacional que,  mais uma vez,  tratam como caso de polícia as manifestações populares na Casa que, em tese, seria do povo, chamando a polícia para reprimir manifestantes".  A exposição de motivos trata do Congresso Nacional,  acho  que deve ser  reformulada para que tenhamos  ordem na questão, Sr. Presidente.

 

O SR.  RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, a nossa  intenção de fazer a mudança na Moção foi registrada. Como está havendo divergência em relação à mudança,  gostaríamos de requerer a retirada da Moção, no sentido  de que possamos reformular o texto e  reapresentar à Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Lamento,  mas também à luz do Regimento não podemos  admitir a retirada da proposição, porque já houve encaminhamentos.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Creio que,  dada a manifestação do próprio autor, devemos interromper o  processo de encaminhamento e derrotar a Moção para que o Vereador entre com outra,  já que,  pelo Regimento,  ele não pode mais retirar.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o Requerimento nº 30/98. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO por ABSTENÇÃO total.          

Eu quero avisar a este Plenário que nós estamos exatamente dentro do Regimento. Se um projeto recebe abstenção de todos os Srs. Vereadores, ele é rejeitado.

 

(Foram aprovados os demais Requerimentos, conforme consta da Ata.)

 

Passamos ao

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI  SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores presentes. Hoje, 16 de fevereiro, é o Dia do Repórter. Cabe-nos registrar o trabalho importante que essas figuras do nosso jornalismo realizam todos os dias. Infelizmente, nem tudo o que os repórteres vêem e colocam, ou tentam colocar,  aparece nas páginas dos jornais, porque nem  tudo o que vemos pode, de fato, ser reportado para os jornais.

Hoje, alguma coisa deveria ter sido escrita sobre o aniversário da nossa CRT, mas como não se tem o que comemorar, só temos a lastimar que os serviços têm piorado sistematicamente na telefonia do Rio Grande do Sul. Esta data, 16 de fevereiro,  passa a ser uma data que, em vez de comemorar, lastimamos a situação em que se encontra a Companhia Rio-grandense de Telecomunicações - CRT.

Neste Estado e neste País, quando se trata da coisa pública, precisamos analisar as questões em seus detalhes, com tranqüilidade, mas não quer dizer que isso não nos leve a profundas angústias, inclusive, rebeldias. É assim que quero me reportar a uma questão que atinge milhares de porto-alegrenses, milhares de gaúchos: a forma como os Governos Estadual e Federal estão tratando as nossas rodovias. A BR-290, segundo informações do DNER, começa em Uruguaiana e vai até Osório. Nesse trajeto há três postos de pedágio. Num debate que realizei numa emissora de rádio, o responsável da CONCEPA disse, com todas as letras, que os três pedágios eram referentes a 112 km. Um cidadão comum, quando passa pelo pedágio de Eldorado do Sul não pode imaginar que ele está pagando por alguns quilômetros ou alguns metros  R$ 2,00, porque está na sua cabeça que ele está numa via reta ou quase reta em destino à zona sul do Rio Grande do Sul, pensando que ele está pagando para adentrar a BR-101.

 

O Sr. Nereu D'Ávila: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Vereador,  concordo com sua indignação e com toda essa discussão por V. Exa. lançada. Acho de grande envergadura, posto que não está havendo critérios objetivos em relação aos pedágios. Queria discordar do seguinte: não sei se é verdade,  eu li no jornal que V. Exa. desobedeceu à lei passando sem pagar o pedágio. Não sei se V. Exa. queria dar um exemplo chamando a atenção para a sua indignação ou se simplesmente V. Exa. manifestou-se de outra maneira e a imprensa registrou errado.

Eu acho que nós Vereadores, apesar da nossa indignação, não devemos dar o mau exemplo. A insubordinação civil não é a melhor solução, S.M.J.

 

O SR. ADELI SELL:  Ver. Nereu D’Ávila,  eu não passei no pedágio sem pagá-lo, mas paguei com indignação, porque, se em 112 km eu pago R$ 6,00 ida e volta e fazendo a conta da quilometragem da BR-290, de Osório a Uruguaiana, eu chego ao cálculo de que haverá mais 17 postos de pedágio e, portanto, o custo será de R$ 40,00. Quem poderá pagá-lo? E há o pedágio que foi colocado estrategicamente na desembocadura da BR-290 para entrar na BR-101, ou seja, para quem vem do sul, numa interrupção da BR-101,  quando esta entra na BR-290 para continuar em Osório. Eu falo isso, porque eu fui no DNER verificar onde uma começa, onde a outra termina, onde uma interrompe e onde a outra começa. Mas o cidadão comum não sabe.

A minha vontade seria de ter passado sem pagar, Ver. Nereu D’Ávila,  porque grande era minha indignação - e continua sendo. Mas não é  apenas para o posto de pedágio de Eldorado do Sul. Quando eu me dirijo à serra gaúcha eu pago R$ 2,40 para utilizar uma estrada que tem uma parte pequena refeita, aumentada, e ainda assim mal sinalizada até em torno da cidade de São Sebastião do Caí. Mas em direção à serra continua uma estrada estreita, perigosa, sem sinalização. Aqueles que pagam em Eldorado R$ 2,00, pensando que vão a Pelotas numa estrada sinalizada, numa estrada com acostamento, numa estrada sem buracos, se enganam redondamente. Eu fiz um pedido de informação, porque como cidadão brasileiro eu tenho esse direito, conforme diz a Constituição,  ao Presidente da República e ao Governo do Estado. Não é diferente a situação de quem vai para Sapiranga, Campo Bom, porque nesses pequenos trajetos, meus caros colegas Vereadores, meus senhores, minhas senhoras, as pessoas trabalham em uma cidade, em outra, têm negócio, têm comércio, tem circulação de mercadoria, há serviços a serem realizados e pagam essa babilônia a serviço de quê?  Em qualquer lugar deste mundo, quando se paga alguma coisa deve-se ter, em contrapartida, um produto ou um serviço. Não havendo produto, não havendo serviço, na verdade, nós deveríamos nos  rebelar e pregar a desobediência civil, sim, porque este é um direito legítimo que vem não do radicalismo, do marxismo, como alguns querem fazer crer, mas da liberdade, da democracia, da Revolução Francesa.

Nós estamos em 1998 e não temos, em contrapartida, o que pagamos, o serviço. Nós temos uma Freeway mal sinalizada, sem acostamento, e alguns falam em refúgio.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Adeli Sell, eu não estou acreditando no que estou ouvindo, que justamente um dos Vereadores mais esclarecidos desta Casa está pregando a desobediência civil. Não quero acreditar.  Acho que V.Exa. está com um problema de ótica, que não está vendo as melhorias que estão começando a ocorrer. Eu vim ontem da praia e vi as melhorias que estão sendo feitas com o nosso pedágio, ao passo que em Porto Alegre eu pago o estacionamento,  também, aqui à Prefeitura Municipal, e não vejo melhorias nas nossas ruas de Porto Alegre. Onde estão os recursos da nossa área azul, que também não estão sendo aplicados em Porto Alegre? Mas, eu não acredito que V.Exa. esteja pregando a desobediência civil.

 

O SR. ADELI SELL: O meu problema não é uma questão de ótica. Exatamente, a minha questão é por conhecimento da realidade, porque eu dei aula nove anos, em Osório, meu caro Ver. João Nedel, e se V.Exa. acredita que está sendo feita uma melhoria, eu posso lhe dizer que, há tempos, a Freeway era muito melhor, porque eu trafeguei por ela, durante nove anos, Ver. Carlos Garcia. O problema é que a situação, hoje, é dramática e continua  dramática depois de pagar tanto pedágio.

Sim, eu estou indignado, e pregar a desobediência civil não é radicalidade, é simplesmente um direito inalienável do ser humano de se rebelar contra um pagamento  sem ter a contrapartida do produto e do serviço. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente, eu gostaria de falar a respeito do discurso do Ver. Adeli Sell que, ainda há pouco se pronunciou nesta tribuna. Não poderia deixar de fazê-lo, porque como advogada e como cidadã devemos resguardar a tranqüilidade e a obediência civil, sem dúvida nenhuma. E o que o Ver. Adeli Sell propõe, colocou há pouco nesta tribuna, também deu entrevistas na mídia, nos deixa preocupada. V. Exa. com suas palavras muito claras, se é que a mídia retratou exatamente como V. Exa. se expressou, está na realidade pregando a desobediência civil. Ou seja, V. Exa. colocou que no momento que passar pelo pedágio, simplesmente vai passar direto e não pagará o pedágio, induzindo que outras pessoas venham a fazê-lo.

Isto ocorreu, também, com o Partido de V. Exa. no sentido de invasão da Assembléia Legislativa do Estado, invasão da Câmara Federal em Brasília. E o que estamos verificando é que o Partido dos Trabalhadores está perdendo o trem da história, simplesmente por falta de discurso, discurso esvaziado, estão pregando este tipo de desobediência civil, o que nós não podemos concordar.

Pergunto, Vereador, como faríamos na rua da Dona Maria da Silva, que está precisando de tratamento de esgotos. Há dois ou três anos ela requisita este tipo de tratamento e a Prefeitura Municipal não contempla a sua rua com o tratamento de esgoto ou outro problema que tenha a sua rua. Os moradores desta rua poderiam, de acordo com o seu raciocínio,  dizer não paguem mais o IPTU, não paguem mais a taxa de lixo, aqueles que têm problemas com a coleta de lixo, que não é feita em certas localidades em Porto Alegre, nos dias reservados para isso.

Digo a V. Exa. que esse tipo de atitude me deixa estupefata, pois conhecendo V. Exa., como parecia que eu conhecia, até agora, deixou-me surpresa  essa sua maneira de agir. Gostaria que V. Exa. repensasse o assunto e, quem sabe, desse uma nova conotação a esse tipo de atitude, porque as soluções com relação às estradas estão sendo proporcionadas, estudadas e programadas pelas empresas que nos asseguraram que fariam isso. Nós temos que ter paciência. Vocês sempre pedem paciência ao povo de Porto Alegre com relação às inundações constantes desta "Veneza dos Pampas", nos dias de chuva. Pedimos, então, paciência ao Partido dos Trabalhadores, neste momento.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, V. Exa. me conhece bem, como o Ver. João Carlos Nedel também me conhece. Sou sensato, sou cordato, mas me indigna a situação das estradas. Talvez eu não tenha viajado tanto como a Vera. Sônia Santos, mas conheço suficientemente bem essas estradas que citei. Por isso a minha indignação.

 

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Vereador Adeli Sell, se V. Exa. tem uma maneira de pensar não incite outras pessoas, pois não convêm a um parlamentar agir da maneira como V. Exa. está agindo.

Gostaria de falar, ainda, sobre o nosso Pedido de Providências com relação à instalação imediata, pelo Governo Municipal, de controladores eletrônicos, os ditos "pardais" nas entradas da nossa Cidade, pois as pessoas que vêm pelas estradas para o perímetro urbano não vêem as devidas placas de sinalização indicando que estamos entrando em perímetro urbano e que, por isso, a velocidade deve ser diminuída.

Entramos com esses dois Pedidos de Providência: as placas e os controladores eletrônicos, que vêm dando tão certo na Estrada do Mar. Nós solicitamos que esses controladores eletrônicos sejam colocados nas Avenidas Sertório, Bento Gonçalves, Ipiranga, Perimetral e Castelo Branco. Isso virá ao encontro daquilo que nós tanto queremos, que é a segurança no trânsito.

Graças a Deus, com alguns aspectos a serem, ainda, trabalhados, nós temos o novo Código de Trânsito que vai dar, sem dúvida alguma, mais segurança para as pessoas. Nós vimos que na Estrada do Mar, neste período do ano, houve uma redução de 20, 30% no número de acidentes. É uma situação propiciada pelos "pardais" colocados ali. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt cede seu tempo.

O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Vereador, antes de mais nada, como qualquer legislador, é um fiscal do cumprimento das leis e, especialmente, da execução orçamentária.

Nós todos estamos ouvindo, lendo, vendo, a preocupação da população porto-alegrense com a saúde, Ver. Henrique Fontana. E a maneira de fazer o acompanhamento do que ocorre é o Pedido de Informação, que eu espero que seja respondido no tempo hábil, como deverá ser,  conforme preceitua a Lei Orgânica  art.  94 - 30 dias para responder. Eu vejo aqui que a Capital perdeu mais de 800 leitos pelo SUS. O Secretário da Saúde reclamando que, no início de 96, os 23 hospitais que atendem pela Previdência Social mantinham 6.195 leitos em Porto Alegre, agora,  apenas 5.357 vagas, em uma redução de treze e meio por cento. Como os hospitais da Capital recebem doentes de outros municípios, a situação chegou a beira do caos. O mais sobrecarregado é o Grupo Hospitalar Conceição responsável por 42% das internações da Região Metropolitana. Mas o Dr. Bacaltchok que é o Diretor Médico da Santa Casa, assegurou que os 4 hospitais do complexo da Santa Casa estão atendendo  até além da cota fixada pelo SUS: 2.500 internações por mês. Em janeiro, foram socorridos 207 pacientes a mais, sem o pagamento do SUS. O Diretor médico anunciou que a instituição se propõe a ampliar as internações para três mil mensais, se o SUS concordar em pagar. A Santa Casa não vai se furtar a fazer esse esforço, diz o Diretor médico. E aí, Ver. Sebenelo é que eu fico preocupado, nós que acompanhamos o orçamento, nós que votamos o orçamento, nós, Ver. Adeli Sell, que perguntamos como é aplicado o dinheiro do SUS na execução orçamentária, para ver o pagamento de pessoal, e diz que não é utilizado para pagamento de pessoal. Mas em uma outra reportagem está dito que o Hospital Grupo Conceição recebe cerca de 2 milhões, a Santa Casa não chega a 1 milhão. Somando todos, não dá  4 milhões de reais. Mas a Prefeitura recebe do SUS 21 milhões de reais por mês. E eu Vereador, claro que analfabeto em matéria de saúde, incompetente, sem dúvida nenhuma, quero saber qual o valor mensal recebido pelo Município para administrar o SUS em nossa Capital? Qual o montante repassado mensalmente aos hospitais conveniados do Município? E em que é gasto a diferença, se houver? É claro que li  no jornal que se paga vigilantes com o dinheiro do SUS, que se pagam obras para novos postos de saúde e se deixa de pagar o atendimento para o doente.

É isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que este Vereador, que acompanha muito de perto o orçamento da Prefeitura, quer saber o mais rápido possível. Eu tenho certeza  de que, estando aqui o Ver. Henrique Fontana, que foi Secretário da Saúde, vai acelerar a máquina municipária e teremos a informação antes dos 30 dias da Lei Orgânica. Saúde e paz para todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra, pelo Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, são vários os assuntos que justificam a nossa presença nesta tribuna: assuntos relativos à moradia, à saúde pública, à gravidade do problema do desemprego neste País.

Hoje à tarde, nós tivemos a Moção do brilhante Ver. Renato Guimarães, uma Moção que trouxe alguma polêmica para o Plenário.

Eu quero registrar o repúdio dos trabalhadores brasileiros, dos funcionários públicos com relação à reforma da Previdência. Se nesta Casa nós tivemos dificuldades, por questão de redação, de aprovar uma moção de repúdio, o povo brasileiro, os trabalhadores, os funcionários públicos, esses através da grande imprensa, através do movimento sindical, do movimento popular, vêm diariamente repudiando essa política do Governo Central de reduzir os direitos dos trabalhadores, de modificar os cálculos da aposentadoria, de aumentar a data limite para requerer os direitos previdenciários. A história da Previdência Social neste País é rica em movimento sociais, em lutas, em participação popular, desde os primórdios do século. Desde a década de 20, os trabalhadores  exerciam suas funções sem o mínimo de garantias, sofriam acidentes  no trabalho, envelheciam sem qualquer direito para beneficiar seus familiares, seus filhos. Ao longo dessas décadas, os trabalhadores lutaram exaustivamente; primeiro, para constituírem as entidades de socorro mútuo, depois, as associações como a dos ferroviários, como a dos portuários que, num primeiro momento, davam um mínimo  de benefício para aqueles trabalhadores, já que o patronato e o próprio Estado não reconheciam o direito dos trabalhadores ao fim de longos anos de trabalho e em casos de acidentes no trabalho. Infelizmente, hoje, parece que estamos regredindo, parece que a sociedade está andando para trás. Esses Deputados que estão aprovando essa reforma na Previdência  estão sendo identificados perfeitamente pelos trabalhadores do Brasil, pelos funcionários públicos; esses senhores não têm comprometimento nenhum do ponto de vista de Previdência Social, não têm comprometimento nenhum com o sentimento mais nobre de solidariedade no momento em que o trabalhador envelhece. Esses senhores estão sendo identificados, ficarão registrados de uma forma negativa na História. E através da grande imprensa temos a informação de que o Governo Fernando Henrique Cardoso distribuiu vinte e dois milhões de reais para serem aplicados nas regiões,  através de verbas orçamentárias, desses respectivos Deputados. É lamentável que esse seja o caminho de se concretizar alguma obra neste País. É lamentável que seja utilizado o direito, acumulado durante décadas pelos trabalhadores, dos funcionários públicos, para se traduzir numa redução com uma forma tão indigna, tão vergonhosa. Mas temos a certeza que a História não regride, que a sociedade não regride, que esses direitos que hoje estão sendo tirados dos trabalhadores brasileiros vão ser  reconquistados por esses mesmos trabalhadores, de uma forma democrática, organizada, através das entidades dos trabalhadores.

 

A Sra. Anamaria Negroni:  V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.)  Não posso concordar com V. Exa. quando se refere a direitos adquiridos. Sim, há muitos direitos adquiridos, mas há muitos privilégios adquiridos também. Sabemos disso, através de leis especiais e complementares que foram introduzidas por esses mesmos partidos dos trabalhadores, com muita pressão em cima de parlamentares para que concedessem muitos privilégios aos funcionários públicos. É isso que se está corrigindo agora. Muito grata.

 

O SR. ANTONIO LOSADA: Agradeço a V. Exa. O Partido dos Trabalhadores, que surgiu na fábrica, na vila, no seio dos funcionários públicos, tem um comprometimento histórico com os trabalhadores. O Partido se coloca contra os privilégios, mas não concordamos que exatamente para justificar e cortar esses privilégios venham a cortar o direito dos assalariados e a elevar a contribuição dos assalariados. Isso é um pretexto usado pela  elite brasileira, amparada nesse projeto neoliberal, projeto que está mostrando que vai levar a humanidade para a exclusão, para a barbárie. O Partido dos Trabalhadores se coloca contra o corte de qualquer privilégio que vise, a pretexto desse corte, a tirar o direito dos trabalhadores assalariados, daqueles que ganham dois ou três salários mínimos. Nós sabemos que quarenta e oito por cento dos trinta milhões de trabalhadores no Brasil ganham exatamente um salário mínimo. É um absurdo que exatamente essa grande maioria de trabalhares seja atingida pelo corte desses chamados privilégios. Essa experiência já é conhecida pelos trabalhadores no Brasil, nós já vivemos momentos muito difíceis, quer através do Estado Novo, quer através da ditadura de 1964. O povo brasileiro, os trabalhadores já têm um acúmulo desse tipo de agressão aos direitos sociais e trabalhistas neste País, e já teve a capacidade de reverter esse “assanhamento”  de roubarem  o direito dos trabalhadores. Os trabalhadores irão vencer, mais uma vez, reconquistando esse direito, através de organizações como a CUT e outras entidades que participam fortemente do movimento social. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registro, com muita satisfação, a presença aqui nas galerias, acompanhando todo o andamento dos trabalhos, do jovem, adolescente, menino Lucas Guimarães Rodrigues Filho que, atentamente, tem observado o desdobramento dos trabalhos desta Casa. Ao Lucas e a sua família os nossos cumprimentos por nos prestigiar com a sua presença.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaríamos de nos unir à manifestação do Ver. Adeli Sell, com relação ao Dia do Repórter. Quero parabenizar essa categoria que busca e averigua cada vez mais a notícia no seu dia a dia.

Durante três semanas, debatemos,  nesta tribuna, com relação ao preço dos combustíveis no nosso Litoral. Na oportunidade, fizemos um levantamento de Pinhal a Torres e constatamos que em alguns casos havia uma discrepância de até 27,3%.

Neste fim-de-semana, mais uma vez, tivemos uma grata surpresa. Quem trafegou pela Estrada do Mar pôde verificar que inúmeros postos apresentam, hoje,  faixas, dizendo que estão com os preços idênticos aos de Porto Alegre. Isso é muito salutar e, à medida que isso  acontece, eu tenho o dever e a obrigação de ocupar este espaço e falar sobre o que está ocorrendo, porque, quando fizemos a denúncia, tivemos a oportunidade de ter duas reuniões com o Sindicato dos Revendedores de Combustível do Estado do Rio Grande do Sul, e, na ocasião, nós nos comprometemos a ocupar esta tribuna para falar sobre o fato.

Esse é um dever nosso, como Vereadores, quando descobrirmos alguma discrepância, temos que ocupar este espaço e denunciar. Então, novamente, eu saúdo aqueles donos de postos de combustíveis que tiveram a sensibilidade de baixar os  preços. Na diferença de 10 centavos, dava um superávit de 15 mil reais por mês. Estes postos continuam com os seus faturamentos muito bons, mas o acréscimo deve ter sido relativo ao aumento do volume.

Vamos continuar ainda debatendo  a questão do “self-service”. Já falamos várias vezes. Em Porto Alegre, inúmeros postos  continuam com o “self-service”. São três as situações importantes: primeiro, é a questão da segurança dos usuários. Nós não temos esta cultura em nosso Município, em nosso Estado, em nosso País, até porque o combustível é altamente tóxico e cancerígeno, podendo criar uma série de lesões e acidentes ao usuário; segundo, é relativo ao mercado de trabalho; terceiro, não tenho notícia de que os postos que possuem “self-service” tenham preços diferenciados.

 

O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria parabenizar V.Exa. por esta brilhante campanha que está desenvolvendo com relação à liberação dos preços dos combustíveis ao público. Esta campanha tem um significado muito grande, é uma grande contribuição que o Vereador está dando, porque essa lucratividade extra, esses aumentos abusivos que estão ocorrendo nos postos de gasolina não são, de maneira nenhuma, transferidos aos trabalhadores dessa frente de trabalho. São trabalhadores que ganham um pouco acima do salário mínimo, e os preços foram liberados para o público, mas não é garantida vantagem nenhuma àqueles que labutam na periculosidade, na insalubridade, durante todo o dia e, às vezes, durante à noite, pois não recebem qualquer benefício com essa liberação de preços. Muito obrigado, Vereador.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Agradeço o aparte. Penso que o assunto é importante e todos nós temos o dever de fazer esse tipo de denúncia.

Para encerrar esse assunto do combustível, vamos novamente fazer um apelo ao Executivo, para que verifique esses postos onde há “self-service”, para que possamos utilizar a tribuna e fazer o que estamos fazendo hoje, comunicando que baixou o preço do combustível no litoral, para podermos dizer que terminou ou está terminando o “self-service”  nos postos de gasolina de Porto Alegre. Até por que esta Casa, há um ano, vetou um projeto, fazendo com que fosse proibido o “self-service” nos postos de Porto Alegre. Estamos simplesmente solicitando o cumprimento de uma legislação já existente em nosso Município.

Outro ponto que gostaríamos de levantar é relativo à solicitação da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul para contratação de professor a título precário. Ou seja,  o Governo do Estado, através da Secretaria de Educação, está recrutando professores de diversas áreas para que ministrem aulas. A nossa preocupação é que esses professores estarão ingressando no magistério público sem nenhuma garantia, por um tempo indeterminado, e o que se esperava é que, com a implantação do novo plano de carreira - já tivemos oportunidade  de nos manifestar totalmente  contrário - é que neste momento houvesse concurso público, pois este é o nosso entendimento e a forma correta do ingresso de pessoa no serviço público. O que está ocorrendo, mais uma vez, é que a Secretaria de Educação está agindo de forma inversa. Está propondo que esses professores, que nós chamamos a título precário, vão trabalhar por um período que não foi informado qual é, nem como será o sistema. Provavelmente, eles sejam horistas.

Já conversamos com a Vereadora do PMDB, nesta Casa, que ficou de buscar todas as informações.

Julgamos  oportuno fazer esse relato, porque a forma correta de o Governo do Estado proceder seria promovendo o ingresso no serviço público, através de concurso público, e os aprovados para o magistério serem chamados. Essas distorções são perigosas,  principalmente, em ano eleitoral.

Penso que este tipo de denúncia é muito importante para que a população fique sensibilizada com o que está ocorrendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.) 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de dar ênfase à preocupação do Ministério da Saúde, em razão da existência de quinze mortes diárias em acidentes do trabalho no País. Mais de um milhão de acidentes do trabalho ocorrem neste País. É um assunto difícil, penoso e que estão envolvidos, de um lado, os trabalhadores brasileiros e, de outro, a obrigação dos empresários de providenciar segurança para eles. Está envolvida, também, a segurança de cada trabalhador, que deve ter o seu equipamento próprio contra os riscos do trabalho. Estamos atingindo níveis  insuportáveis de acidentes  de trabalho. Quinze mortes por dia  têm as características de um genocídio.

Mais uma vez, o jornal  “O Estado de São Paulo”,  em seu editorial de sábado passado, agride o Ministro da Saúde, Carlos César Albuquerque, que faz um trabalho difícil, hercúleo e, muitas vezes, primoroso no resgate de uma das situações mais delicadas que socialmente vive o País, que é a área da saúde.

Por isso,  quero dar ênfase às reclamações pelo cuidado que o Ministério da Saúde tem tido com as verbas  para as prefeituras das capitais, especialmente para Porto Alegre, onde a Prefeitura é de um outro partido que não o PSDB,  para que não faltem recursos do SUS para a municipalização da saúde, especialmente nas capitais. 

O Sr. Délcio Martini,  Diretor do Grupo Hospitalar Conceição,  reclama do Secretário Lúcio Barcellos o corte de quase 30%, muitas vezes, de internações  hospitalares, de pagamento de atendimento ambulatorial num momento de crise financeira para os hospitais que, por causa desse tipo de política, faz com que os empresários da área hospitalar abandonem o  atendimento ao SUS e passem a atender outros convênios de maiores vantagens financeiras, em detrimento do Sistema Único de Saúde.

Isso nos preocupa. A gravidade deste assunto está exatamente na exclusão  do atendimento  de um grande número de pessoas. Preocupa-nos,  inclusive, o dado de que é obrigatório, por Lei explícita, sem precisar de advogado, sem precisar de interpretação,  que, trimestralmente,  o Secretário da Saúde em audiência pública na Câmara Municipal, é obrigado a abrir as contas do SUS à população, aos Vereadores. Isso está escrito na Lei e até hoje nunca foi feito. E é isso que eu venho reclamar na tribuna, pedindo, inclusive, ao digno, competente e respeitado Ver. Henrique Fontana que cerre fileira junto a nós, sem nunca pôr em dúvida a honorabilidade das pessoas, mas pedindo que esse dispositivo da  Lei seja cumprido. Eu tenho certeza de  que muitos desses dados que hoje estão no jornal serão esclarecidos.

 

O Sr. Henrique Fontana: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de dizer aos nobres Vereadores Cláudio Sebenelo e João Dib, que usou a tribuna anteriormente para tratar das contas do SUS, que - quando eu me pronunciar sobre o tema, poderei esclarecer mais amiúde diversas questões - quero imediatamente romper com uma lógica que tem permeado a fala do Ver. Cláudio Sebenelo, de que as contas do SUS não estão abertas para a sociedade e para os Vereadores acompanharem. Ao contrário, se é verdade que, se tivéssemos feito uma prestação de contas formal dentro da Câmara em algum momento, isso seria positivo e contribuiria ainda mais para esclarecer os números das contas do SUS, também é verdade que todos os meses, quando se informam todos os números da Prefeitura para todos os Vereadores, todas as contas do SUS estão incluídas nesses números e nesses balancetes mensais. E não há nenhum número para ser escondido da opinião pública de Porto Alegre.

No momento que eu usar a tribuna, com mais tempo, esclarecerei outros temas que V. Exa. está trazendo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Não foi essa a minha intenção, de insinuar qualquer coisa em relação a estar escondendo números ou não. A minha intenção é alertar para o descumprimento da Lei.

A pergunta que faço a V. Exa. é: quantas audiências públicas foram feitas na Câmara com os Vereadores em relação às contas do SUS, durante o seu período como Secretário da Saúde?

 

O Sr. Adeli Sell:  V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria dizer a V. Exa. que a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento recebe todos os dados da Administração, e estão à sua disposição junto à Comissão.

 Em se tratando de saúde pública, SUS, não podemos esquecer outras instituições filantrópicas e entidades. Já lhe disse em particular, agora vou fazê-lo publicamente: há necessidade de olharmos para o Hospital Porto Alegre, o hospital do funcionalismo municipal, que mantém um convênio com a Prefeitura, mas ainda insuficiente. Precisamos de um aporte do Governo Federal que, tenho certeza, fazendo este apelo de viva voz, V. Exa. irá, inclusive, intermediar essa ação junto ao Ministério da Saúde.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO:  Com  o maior prazer. Quero salientar a atitude legítima, ética e honesta do Dr. Délcio Martini, em defendendo a sua instituição e o seu faturamento, fazendo com que todos os pacientes atendidos tenham a retribuição do SUS - Sistema Único de Saúde -,  e não esse tipo de corte que vem, não só em prejuízo do faturamento do hospital, mas do atendimento de todos os outros pacientes. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Seguramente, no dia em que a Câmara reabre com o conjunto de seus Vereadores o seu trabalho parlamentar, é um dia de grande significado para o Parlamento, porque se começa a delinear os debates mais importantes em relação à nossa Cidade e que serão desenvolvidos ao longo do ano. Eu acho importante, porque começamos a retomar uma série de discussões importantes para a nossa Cidade, para a nossa sociedade que, aqui,  já vinham se estabelecendo e que, seguramente, como são temas com questões importantes a continuarem ainda pendentes, deverão ocupar o debate desta tarde e de muitos dias que se seguirão.

Gostaria de retomar um tema que, nesta tarde, foi bastante discutido. Porém, como é  um dos temas de maior preocupação da sociedade, que é a questão da saúde, é mais do que justificado que vários Vereadores, de várias Bancadas e de vários partidos retomem esse trabalho trazendo, aqui, a sua preocupação em relação ao atendimento de saúde à população e às condições de saúde da população em nosso País e, mais diretamente, no nosso Município.

Seguramente, o fato de o Congresso Nacional estar discutindo a regulamentação dos planos de saúde  para o País inteiro vai fazer com que nós tenhamos que acompanhar essa discussão para, finalmente, se procurar regulamentar o atendimento dos planos de saúde, através dos quais, inclusive, grande parte da população brasileira é atendida, sem uma regulamentação existente. E é importante a participação e o posicionamento desta Casa em relação a isso, porque há interesses bastante contraditórios em relação a esses planos. É de fundamental importância o acompanhamento das Câmaras, para que possamos garantir que todos os atendimentos sejam prestados e que os consumidores não sejam lesados na aplicação desses planos por desconhecerem, muitas vezes, o conteúdo dos próprios contratos onde colocam suas assinaturas.

Outra questão, na área de saúde, que inferniza, seguramente, todos os cidadãos neste momento tão especial de suas vidas, que é o momento em que ocorre uma enfermidade, não é apenas a precariedade dos atendimentos de saúde, mas a inviabilidade de uma grande parcela da população brasileira, que vive o drama de que, quando sai de uma consulta médica, não tem recursos para comprar os medicamentos de que possuem necessidade, muitas vezes, de forma urgente.

Infelizmente, nós vimos que no ano de 1997 um dos produtos que tiveram, em nosso País, um dos aumentos mais expressivos foram, seguramente, os medicamentos. E se examinarmos essa lista de medicamentos que sofreu algo em torno de 30% a 40% de aumento, verificaremos que são medicamentos usados por pessoas da terceira idade, aposentados e que possuem maiores dificuldades na compra desses medicamentos. E pelo fato de que, ainda na prática, não está funcionando a obrigatoriedade de os laboratórios registrarem os nomes genéricos das substâncias nos rótulos dos medicamentos, isso faz com que percamos a oportunidade de comprar um produto muito mais barato, que é oferecido nas farmácias com a mesma finalidade. Porém, os laboratórios, em geral multinacionais, oferecem, às vezes, um medicamento em até 70% mais caro do que um medicamento similar. Portanto, 1998, é um ano em que, seguramente, a questão dos planos de saúde e a questão dos medicamentos  seguirão em pauta para todos aqueles que têm preocupação em relação à área da saúde.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vera. Clênia Maranhão, V.Exa. coloca muito bem o problema da saúde e da falta de remédios para os munícipes e até para os servidores municipais. Eu consegui colocar na Lei de Diretrizes Orçamentárias uma Emenda, no sentido de que a Prefeitura diligenciasse a instalação de um laboratório farmacêutico para Porto Alegre, onde os remédios seriam  produzidos a muito baixo custo, e seria  atendida toda a população, inclusive, os servidores municipais.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Considero muito importante a preocupação trazida pelo Ver. João Dib, porque nós sabemos que alguns medicamentos, que são fabricados por laboratórios estatais, oficiais,  podem ser, às vezes, vendidos com apenas 30% do preço de medicamentos similares que são vendidos à população.

Então, essa questão da produção de medicamentos é fundamental para garantir à população de baixa renda o acesso a esses produtos de que mais ela precisa.

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O Sr. Henrique Fontana: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vera. Clênia, este é um debate importante que V.Exa. traz à Câmara hoje à tarde, e o Ver. João Dib complementa com a abordagem do tema sobre a possibilidade de os municípios produzirem medicamentos a um custo menor do que o custo disponível no mercado para que eles sejam comprados. E esta é, efetivamente, uma possibilidade. Agora, nós temos que ter muito cuidado, Ver. João Dib, pois, seguramente, os municípios não têm condições econômico-financeiras para transferirem para a sua alçada orçamentária, a disponibilização de medicamentos em quantidade suficiente para a população. Então, sempre a produção municipal de medicamentos será  complementar; o fundamental é que nós devemos ter estruturas que atendam a todo o País, estruturas do Governo Federal que garantam a distribuição de medicamentos em caráter público e gratuito, para cumprir com essa necessidade que a população tem. Eu me preocupo, Vereadora, porque muitos prefeitos e secretários têm enfrentado, como eu enfrentei no último ano, o estudo da possibilidade de produzir medicamentos em nível municipal. No entanto, esses medicamentos nunca serão produzidos na quantidade necessária e em todos os tipos necessários para atender à demanda da população. Temos que ter muito cuidado com o que temos assistido no País, que é uma espécie de municipalização crescente de diversas funções, que não podem ser assumidas pelos municípios sem a participação do Governo Central e do Governo Estadual.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu considero importante a preocupação do Ver. Henrique Fontana, dela compartilho, e quero dizer ao Vereador que eu defendo a manutenção da produção e oferta de medicamentos como sendo uma responsabilidade também do Governo Federal e do Governo Estadual.

 No Rio Grande do Sul, há um grande investimento do Governo do Estado na ampliação do Laboratório LAFERGS, por exemplo. É importante que se fale da preocupação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul na área da saúde, principalmente na área dos medicamentos, que é o tema que estamos abordando aqui nesta tarde. É importante, também, o crescimento da municipalização da saúde em mais 190 municípios nos próximos três meses. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está inscrito em Grande Expediente, mas encontra-se em licença.

O Ver. Cyro Martini está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, apraz-me, sobremodo, retornar a este tribuna para refletir acerca de um problema do qual tenho tratado por muitos anos: o trânsito. Mais exatamente sobre o novo Código de Trânsito Brasileiro - a Lei 9.503, de 23 de setembro do ano passado.

Há vários aspectos dentro do novo Código, Sr. Presidente, que nos chamam sobremaneira a atenção. Mas, para registrar aqui uma preocupação que tem-me ocorrido de forma sistemática, eu examinaria, nesta ocasião, aquilo que poderíamos chamar de penalismo do trânsito, o penalismo inserto na nova legislação do trânsito. Penalismo no sentido do exagero, da demasia, e isso me preocupa. Há pouco, o Ver. Cláudio Sebenelo chamava a atenção do Plenário para o fato de que os acidentes - não os do trânsito, os de outra ordem - ocasionam a morte de 15 pessoas, no País, por dia. O trânsito mata muito mais do que isso, cerca de 100 pessoas, pelas estatísticas. Então, é evidente que o trânsito preocupa. Mas daí a partir para um exagero de punições, esse excesso pode desacreditar o novo Código. Se temos, por um lado, um caso bem extremo, o caso de um cidadão dirigindo embriagado, um problema sério, seriíssimo, é uma irresponsabilidade que, no universo do trânsito, não há adjetivo para desconsiderá-lo, mas serve de exemplo para mostrar o perigo que corre o novo Código diante do excesso de punições que encerra e das mãos nem sempre habilitadas para aplicá-lo. O laicismo pode, também, ocasionar ferimentos graves, contundentes para a boa aplicação e os bons resultados provenientes do novo Código. Se alguém é flagrado dirigindo embriagado, ele será, por via de conseqüência, autuado, o que implicará ter capitulado seu comportamento no artigo conveniente do Código de Trânsito, a sua carteira vai ser recolhida, o carro retido. Essas são medidas administrativas que já são punição. Medida administrativa é penalidade, porque cerceia alguma liberdade e o exercício de alguma propriedade que o cidadão tem. Então, depois da autuação, ele vai ser punido por causa da infração, punição que será de multa - 5 vezes 180 UFIRS.

 Então, vejam quantas punições ele já está sofrendo. Afora isso, ele vai ser apresentado à autoridade policial que vai autuá-lo por ele ter sido preso em flagrante delito da embriaguez ao volante.

Em razão desse fato delituoso, ele vai ser punido pelo Juiz. Não é crime que está compreendido na Lei 9099; vai além, não é crime de menor potencial ofensivo; é de maior potencial ofensivo.

 

O Sr. João Dib:  V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Cyro Martini, apenas desejo fazer um registro: a minha tristeza  de ver que, na vida pública, as pessoas que têm competência não são sempre aproveitadas. É um desperdício não ser utilizado o Ver. Cyro Martini no trânsito municipal. Saúde e paz.

 

O SR. CYRO MARTINI: Muito obrigado. Fico até emocionado com a sua manifestação. Mas, são fatos com os quais lido há muitos anos, de sorte que faz parte do nosso dia a dia. E como é algo que sempre fiz por gosto, nunca foi trabalho, sempre foi prazer, sempre foi motivo de satisfação.

Só quero mostrar que esse excesso de penalidade no campo administrativo e no campo penal coloca em risco a credibilidade jurídica do novo Código. Isso, nas mãos dos advogados, vai virar  nada. E o advogado tem a obrigação de defender o seu  cliente. Punido pelo juiz ele volta para a administração do trânsito para ser, de novo, punido pelo mesmo fato pelo qual já foi punido administrativa, judicial e criminalmente; será submetido ao curso de reciclagem, se  já não foi punido por alguma outra providência.

Um acidente de trânsito será punido diversas vezes e esse excesso de punição - insisto - pode colocar em risco a credibilidade do novo Código, e mais, acrescido a isso o laicismo, exercendo a punição, pode ocasionar muito mais. Quem não souber, por exemplo, distinguir o que é polícia administrativa de polícia, no sentido da segurança pública, isto é, Brigada e Polícia Civil,  já comete equívocos sérios, pois polícia administrativa é, antes de tudo e sobretudo, o conceito do Direito Administrativo.

Estou apenas mostrando o cuidado que temos que ter na aplicação do Novo Código de Trânsito, porque o excesso de punições que ele encerra pode colocar em grave risco a credibilidade jurídica desse Código. É um temor que se tem, porque sabemos, como disse o Ver. Cláudio Sebenelo, se morrem 15 pessoas no País por dia, por acidente, no trânsito morrem muito mais, cerca de 100 por dia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo quórum, encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h49min.)

 

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